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Montes (Março de 2020)




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Revista mensal publicada originalmente em março/2020 pela Bible Truth Publishers

 

ÍNDICE


H. F. Witherby (adaptado)

R. Klassen (adaptado)

C. H. Mackintosh (adaptado)

W. J. Prost

Christian Truth, vol. 15 (adaptado)

W. J. Prost

H. F. Witherby (adaptado)

A. H. Rule

A. Yerkey (adaptado)

Young Christian, vol. 31

Christian Truth, vol. 14 (adaptado)

C. E. Lunden

J. G. Deck

 

Montes



Repetidas vezes, em Suas revelações ao homem, Deus teve o prazer de ilustrar Suas palavras pelas características naturais da localidade de onde as palavras foram pronunciadas. Ao falar aos homens, Deus usa o natural para dar ênfase ao espiritual. Somos naturais, a natureza nos rodeia e é este mesmo ambiente que Deus usa para nos ensinar as verdades que estão fora e além do reino da natureza.


O Sinai era um monte isolado de certa forma dos outros. A narrativa da Escritura nos informa que foram estabelecidos limites ao redor dele (Êx 19:23), que estava à vista de uma planície na qual “todos” (Êx 19:11) podiam se alojar se “chegar” a ele ou ficar “de longe” (Dt 4:11; Êx 20:21). Ele era suficientemente amplo no cume para permitir que uma pessoa estivesse em isolamento enquanto outras 70 também estavam ali (Êx 24:1-11). A base do monte podia acomodar os dois ou três milhões de israelitas que estavam em pé em frente ao monte em fogo, permitindo que eles vissem tudo, sem que uma fila obstruísse a visão da fila de trás dela. Alguém pode questionar o desígnio de Deus na escolha dessa planície? Certamente o caráter natural do Monte Sinai estava em harmonia com a lei solene que foi proclamada ali!


H. F. Witherby (adaptado)

 

Sete Montes em Mateus


Um monte na Escritura representa um lugar elevado acima do nível deste mundo. No livro de Mateus, encontramos o Senhor Jesus em sete montes diferentes. Mateus, é claro, O apresenta a nós como o Rei dos judeus, principalmente em Sua rejeição. Desde que foi rejeitado por Seu povo Israel, o Senhor Jesus introduziu uma nova dispensação, a dispensação da graça, na qual se encontra o reino dos céus. O Rei rejeitado governará Seu reino desde os céus e quem crer são Seus súditos.


O primeiro monte

O primeiro monte que consideraremos está em Mateus 4:8. Após Seu batismo e Sua aceitação pública por Deus, o Senhor Jesus foi levado ao deserto pelo Espírito para ser tentado pelo diabo. Nesse momento, “transportou o diabo a um monte muito alto; e mostrou-Lhe todos os reinos do mundo e a glória deles”, e os oferece, se Ele se prostrar e adorá-lo. O Senhor Jesus usa toda a armadura de Deus para Se defender dos ataques do tentador e o derrota com a espada do Espírito, que é a Palavra de Deus. Nós, também “não temos que lutar contra carne e sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais” (Ef 6:11-12).


Cristo não receberia glória de ninguém além de Seu Pai, mesmo que o reino pudesse ser obtido apenas por meio do sofrimento e da morte. “Pelo que também Deus O exaltou soberanamente e Lhe deu um nome que é sobre todo o nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho dos que estão nos céus, e na Terra, e debaixo da Terra” (Fp 2:9-10). Este princípio não pode ser entendido pelo homem natural. O Senhor Jesus foi desprezado e rejeitado, tornando-Se o Homem das dores e Seus súditos também, se O seguirem, encontrarão esse mesmo tipo de vida.


O segundo monte

No segundo monte, em Mateus 5, encontramos Jesus assentado e Seus discípulos vindo a Ele, enquanto lhes ensinava sobre os princípios de Seu reino. Seria por mansidão e humildade que eles seriam abençoados, não por se afirmarem ou reivindicarem seus direitos.


O terceiro monte

Em Mateus 14:23, o Senhor Jesus sobe novamente ao monte para ficar sozinho com Deus em oração. Se os princípios do reino serão mantidos, eles devem ser mantidos pela dependência e obediência ao Pai. Este é o poder que o crente recebe de Deus em oração, e é necessário para qualquer fidelidade e serviço a Ele. Na oração, o indivíduo também está sozinho com Deus.


O quarto monte

Mateus 15:29 nos traz o quarto monte, onde Jesus é encontrado dando a Seus discípulos o exemplo de serviço para atender às necessidades dos outros. Por menor que seja, Ele pode usar o que temos para alimentar a multidão, e com muita sobra. Podemos sentir que nossas contribuições são insignificantes, mas nas mãos de nosso Senhor e com Suas bênçãos há uma abundância.


O quinto monte

Quando chegamos a Mateus 17, encontramos uma demonstração da glória futura do Senhor Jesus Cristo, à medida que Ele traz Pedro, Tiago e João para um alto monte – uma prévia do reino vindouro. Naquele dia, somente Ele será exaltado (Is 2:17). O mesmo é verdade para nós; temos o privilégio de honrá-Lo e ouvi-Lo porque Ele é o Filho de Deus, e as delícias de Deus estão n’Ele. Deus não dará sua glória a outro (Is 48:11).


O sexto monte

O Monte das Oliveiras é proeminente na vida de nosso Salvador. Deste monte, Ele sobe ao céu (At 1:12), e sobre esse monte Ele voltará à Terra novamente (Zc 14:4). Em Mateus, no entanto, o Senhor Jesus inicia Sua marcha triunfante até Jerusalém a partir do Monte das Oliveiras e Se apresenta mais uma vez ao Seu povo como seu Rei. Eles O recusam novamente e Ele termina Sua rejeição final chorando sobre Jerusalém (Mt 23:37).


Do Monte das Oliveiras, em Mateus 24:3 até o capítulo 25, o Senhor discursa com Seus discípulos a respeito dos eventos futuros: a grande tribulação, o julgamento da Cristandade professa e o julgamento das nações gentias. Nós não aprendemos essas coisas com a inteligência deste mundo, mas por estar em comunhão com Ele nos lugares celestiais. “E disse o Senhor: Ocultarei Eu a Abraão o que faço ?” (Gn 18:17). Foi também do Monte das Oliveiras que Jesus revelou a Pedro que ele não podia ter confiança na carne, e Pedro teve que aprender isso por meio de uma triste experiência. As melhores intenções nunca podem ser realizadas sem poder divino. O Senhor Jesus é um professor paciente e amoroso, e Seu desejo é restaurar os que caem, para que aprendam a confiar n’Ele.


O sétimo monte

O sétimo monte em Mateus, no qual encontramos o Senhor Jesus, era um lugar que Ele havia designado para encontrar-Se com Seus discípulos após Sua ressurreição. “Quando O viram, O adoraram” (Mt 28:17). Hoje, o Senhor Jesus tem um local designado onde também prometeu Sua presença: “Onde estiverem dois ou três reunidos em Meu nome, aí estou Eu no meio deles” (Mt 18:20). O local, no entanto, não seria nada à parte de Sua Pessoa, mas se Ele está lá, faz toda a diferença. O próprio Senhor Jesus Cristo é o centro de reunião. Nós O valorizamos e O apreciamos quando Ele nos reúne em torno de Si mesmo, acima do nível deste mundo? É ali que aprendemos o que está em Seu coração e o que está em nosso coração. Também aprendemos a depender d’Ele, a servi-Lo e a aprender o que Ele está prestes a fazer. Mas, acima de tudo, é ali que temos o privilégio de adorá-Lo.


Embora fisicamente os Seus ainda estejam no mundo, moral e espiritualmente, somos vistos como assentados com Ele naquelas alturas dos montes (Ef 2:6). Que isso nos encoraje a sermos mais fiéis a Ele enquanto aguardamos Seu retorno, quando estaremos com Ele e seremos como Ele nessas alturas de glória!


R. Klassen (adaptado)

 

Monte Moriá


Em Gênesis 22, a história de Abraão está em seu estágio mais elevado, mas no versículo 1 lemos: “E aconteceu, depois destas coisas, que tentou Deus a Abraão”. Depois de que coisas? A resposta fornece uma grande lição prática para todos nós. Havia duas coisas que precisavam ser corrigidas em Abraão (uma em seu coração e a outra em sua casa) antes que ele pudesse ser conduzido ao ponto mais alto de sua carreira prática. Primeiro, ele teve que libertar o coração de uma raiz antiga que há muito permaneceu ali, um pouco de incredulidade, que lhe foi permitido permanecer sem julgamento por muitos anos. A mesma coisa acontece conosco. Se há algo que está nos afastando de toda a devoção, essa raiz deve ser julgada antes que a aspiração do verdadeiro coração possa ser realizada.


Incredulidade

A primeira vez que essa raiz brotou foi quando ele desceu ao Egito e exigiu que Sarai dissesse que ele era seu irmão. Certamente isso era incredulidade. Mas mesmo quando ele saiu do Egito e voltou para Betel, essa raiz ainda não havia sido julgada. Para que o coração seja totalmente julgado, precisamos estar à luz da presença divina, e é muito melhor aprender o que está em meu coração na Sua presença do que por experiência amarga. Podemos estar orando por progresso, mas não podemos chegar ao ponto que aspiramos até que essa raiz seja julgada.


Em Gênesis 20, essa raiz aparece novamente em Abraão quando ele está diante de Abimeleque, mas finalmente ele é levado a fazer uma confissão completa e desimpedida, e a julgar o que estava em seu coração. No capítulo 21, sua casa é endireitada, a escrava é expulsa e, em seguida, a casa e o coração são purificados, o Senhor diz (com efeito): “Agora eu posso conduzi-lo ao ponto mais alto”. Foi “depois destas coisas” que Deus pôde trazê-lo ali. Antes, ele não estava em posição de responder ao chamado de Deus, mas agora Deus o tenta [ou prova].


O teste de fé

Que dedicação profunda esse teste provocou em Abraão! A base era: “Abraão creu em Deus” – não apenas algo sobre Ele, mas ele creu em Deus. Essa é a verdadeira base de toda devoção – Deus sendo o Único diante de nosso coração, que podemos confiar n’Ele para tudo. Os apoios humanos cedem e as correntes das criaturas secam, mas a fé encontra no Deus vivo uma Rocha imutável e uma Fonte inesgotável.


Abraão fica no monte Moriá e testemunha o fato de que ele podia confiar em Deus com Isaque no altar, bem como antes de ele nascer. Essa prova não chegou nem um momento antes que Abraão pudesse suportá-la. “Para que a prova da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro que perece e é provado pelo fogo, se ache em louvor, e honra, e glória” (1 Pe 1:7). Deus nunca implanta fé que Ele não põe à prova. Tudo isso brilha para a glória de Abraão? Não, mas para a glória de Deus. Quem pode conceber o que o coração de Abraão deve ter passado! Que ataques Satanás deve ter feito contra ele! Mas sua única resposta para toda a provação foi: eu tenho Deus; porque ele creu em Deus, ele estava preparado para ver Isaque reduzido a cinzas no altar.


Tiago retoma esse episódio e diz que Abraão foi justificado pelas obras. Ele foi justificado por esse ato, pois era a expressão de uma fé que repousava em Deus sem nuvens, para que Deus pudesse dizer: “agora sei que temes a Deus e não Me negaste o teu filho, o teu único filho” (Gn 22:12). Aqui estava a base da devoção. Ele podia confiar em Deus quando tudo o mais havia passado; sua alma estava tão apegada a Deus que ele podia confiar n’Ele na ausência de toda ajuda humana.


O espírito de adoração

Em que espírito Abraão caminha até o monte Moriá? No espírito de adoração: “Eu e o moço iremos até ali; e, havendo adorado, tornaremos a vós”. Esse é sempre o espírito da verdadeira devoção. Abraão não fala do sacrifício que ele fará, ele segue com toda a calma bendita da adoração. Porém, quando contemplamos essa cena, somos conduzidos para outra cena, em que o Pai e o Filho foram juntos para onde Deus deveria derramar sobre Aquele Bendito toda a Sua ira contra o pecado, onde Ele tomou o cálice da ira absoluta e o tomou todo, para que Ele não tenha deixado uma gota sequer para você e para mim. Não havia voz do céu para interceptar aquele golpe, quando o bendito Filho de Deus inclinou a cabeça na cruz do Calvário. Oh! Que motivo de devoção profunda temos aqui!


Vamos nos voltar por um momento para Hebreus 11:17: “Pela fé, ofereceu Abraão a Isaque, quando foi provado, sim, aquele que recebera as promessas ofereceu o seu unigênito”. Esse é o comentário inspirado sobre essa cena maravilhosa, ele não levou em conta as dificuldades, a menos que aproveitasse a ocasião para confiar mais em Deus. Nenhum de nós deveria dizer que eu não tenho a fé de Abraão. Se temos fé, temos toda a fé mencionada em Hebreus 11, é simplesmente uma questão de usá-la, e quanto mais a usamos, mais forte ela cresce. Que colheita de glória veio a Deus no monte Moriá! Havia um homem que estava contente em ser despojado de tudo o que possuía, porque ele tinha Deus.


Deus deve ser tudo ou nada. Isto é muito importante. Se Ele cobre nossos olhos, não podemos ver mais nada. As dificuldades desaparecem, tudo é paz, vitória e louvor. Ele é glorificado e nós somos abençoados. Não há uma única necessidade que Ele não possa suprir. Se estou no caminho da simples obediência, posso confiar n’Ele para tudo. Ele Se deleita em que recorramos a Ele – de ser confiado. Abraão “foi fortificado na fé, dando glória a Deus”.


Crescimento da fé

À medida que nossa fé cresce, entramos em toda a grandeza, plenitude e bem-aventurança que há n’Ele. Fé é a chave que abre o tesouro de Deus, um caminho que, quando verdadeiramente trilhado, fica cada vez mais brilhante – brilhando cada vez mais até o dia perfeito. Abraão foi atraído inicialmente pelos raios do Deus de glória. Ele deu as costas para seu país e seus parentes, sem saber para onde estava indo. O que ele tinha? Deus! Ele segue em frente, portanto, passo a passo, estágio por estágio, oscilando de fato aqui e ali (pois até ele estava aberto às oscilações da incredulidade ocasionalmente), mas continua até chegar ao Monte Moriá, declarando claramente que estava preparado para abandonar tudo, porque sua visão estava cheia do SENHOR seu Deus.


Que seja concedido a cada um de nós andar cada vez mais no poder da fé no Deus vivo – para suportar “como vendo o invisível”. A vida de fé se torna cada vez mais forte e é preparada para provações cada vez mais profundas à medida que prosseguimos.


Senhor, conduza-nos cada vez mais para perto de Ti, para que sejamos independentes de tudo, menos de Ti. Que seja assim para Teu louvor e para nosso profundo, profundo gozo!


C. H. Mackintosh (adaptado)

 

O Monte das Oliveiras


Que riqueza de lembranças e pensamentos vêm à nossa mente quando consideramos o Monte das Oliveiras! É mencionado muitas vezes no Novo Testamento em conexão com o ministério de nosso Senhor aqui na Terra, como o lugar onde Ele costumava ir sozinho ou com Seus discípulos.


A primeira menção do lugar na Escritura ocorre muitos anos antes, no tempo de Davi, quando ele fugiu de Absalão. Está registrado que “E subiu Davi pela subida das Oliveiras, subindo e chorando, e com a cabeça coberta; e caminhava com os pés descalços” (2 Sm 15:30). O nome provém do fato de que as oliveiras floresciam ali e, de fato, antigas oliveiras ainda vivem no local, algumas delas provavelmente datadas de quase 1.000 anos. O nome Getsêmani se originou da palavra aramaica para “prensa de azeitona”. A área também é um dos maiores cemitérios judaicos do mundo, com milhares de sepulturas que datam de 3.000 anos. Ao longo dos tempos, foi considerado uma grande honra para aqueles de origem judaica serem enterrados ali.


O vale de Cedrom

Quanto à geografia do local, fica a leste de Jerusalém, através do que é conhecido como vale de Cedrom, um vale raso, por meio do qual o riacho Cedrom fluía antigamente. O vale está seco hoje, exceto quando há uma chuva forte. A terra sobe suavemente até o cume, depois começa a descer em direção ao vale do Jordão. A vila de Betânia fica na encosta leste do monte, e se continuarmos, mais adiante somos levados por uma estrada bastante íngreme que leva a Jericó, a uma distância de cerca de 24 quilômetros. É de fato uma estrada descendente, pois a perda de altitude é de pouco mais de 1.200m.


O nome Cedrom significa “escuro, preto ou turvo” e tem esse significado na Escritura, pois fala do caminho de rejeição. Davi, como uma figura de nosso Senhor Jesus, trilhou esse caminho quando fugia de Absalão, chorando, com os pés descalços e, de todas as formas, assumindo o lugar de submissão, o que Deus havia permitido. Mais tarde, descobrimos que Simei, que amaldiçoou Davi quando ele estava em rejeição, foi executado quando atravessou o ribeiro de Cedrom, pois ele fez isso contrariamente ao julgamento expresso de Salomão sobre ele. Mais adiante na história de Israel, reis piedosos como Asa e Josias destruíram os ídolos e outras coisas associadas à adoração de divindades pagãs e os queimaram no ribeiro de Cedrom. A certa altura, no tempo de Josias, o Monte das Oliveiras é referido como o “monte da corrupção” (2 Rs 23:13 – TB), pois evidentemente a área havia sido contaminada com adoração e idolatria pagã, desde o tempo de Salomão.


Jesus esteve lá

Mas há o que é mais precioso quando chegamos ao nosso bendito Senhor e Sua associação com o ribeiro de Cedrom e o Monte das Oliveiras. Ele também atravessou o ribeiro de Cedrom, não uma vez, mas muitas vezes, mostrando que, mesmo em Sua vida, foi amplamente rejeitado por aqueles a quem veio em graça. No que diz respeito ao Monte das Oliveiras, Ele frequentemente ia até ali com Seus discípulos e, em outras ocasiões, ia sozinho, tanto para orar como para passar a noite. Ele poderia dizer: “O Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça” (Mc 8:20). Lemos que, em uma ocasião, “E cada um foi para sua casa. Porém Jesus foi para o monte das Oliveiras” (Jo 7:53; 8:1). Embora perfeitamente acessível a todos, Ele era realmente o mais solitário dos homens.


Finalmente, chegou a hora de cruzar o vale de Cedrom com Seus discípulos, mas desta vez para orar no jardim do Getsêmani antes de ir para a cruz. Aqui pisamos em solo sagrado, enquanto admiramos aquela cena solene e ainda assim abençoada. O caminho da rejeição O levou apenas à cruz, contudo, Ele voluntariamente tomou esse caminho, pois podia dizer: “não se faça a Minha vontade, mas a Tua” (Lc 22:42).


A importância futura

Mas se o ribeiro de Cedrom e o Monte das Oliveiras estão associados às trevas, ao julgamento e à rejeição de nosso bendito Senhor e Mestre, temos a garantia da Palavra de Deus de que nem sempre será assim. O vale de Cedrom e o Monte das Oliveiras têm um significado especial, não apenas na rejeição, mas também na glória futura de nosso Senhor Jesus.


Lemos em Jeremias 31:40 que “E todo o vale dos cadáveres e da cinza e todos os campos até ao ribeiro de Cedrom, até à esquina da Porta dos Cavalos para o oriente, serão consagrados ao SENHOR; não se arrancarão, nem se derribarão mais, eternamente”. Num dia vindouro, tudo o que falar de rejeição e julgamento será eliminado, pois Israel se regozijará mais uma vez em sua própria terra e se ajuntará ao Messias, a Quem uma vez recusou.


Mais do que isso, o próprio Senhor descerá diretamente ao Monte das Oliveiras, pois lemos em Zacarias 14:3: “E o SENHOR sairá e pelejará contra estas nações, como pelejou no dia da batalha. E, naquele dia, estarão os Seus pés sobre o monte das Oliveiras, que está defronte de Jerusalém para o oriente; e o monte das Oliveiras será fendido pelo meio, para o oriente e para o ocidente, e haverá um vale muito grande; e metade do monte se apartará para o norte, e a outra metade dele, para o sul”. Após o terrível julgamento de Israel pelo rei do norte (descrito em Zacarias 13:7-9), o Senhor aparecerá em favor de Seu povo. É apropriado que Ele apareça em poder e glória no próprio local onde uma vez tomou o lugar de humilhação e submissão. Evidentemente, ocorrerão grandes mudanças geográficas, a fim de se preparar para um rio de bênçãos que fluirá de Jerusalém, descrito em Zacarias 14:8 e em Ezequiel 47:1-12. Naquele dia, o Senhor aparecerá primeiro para julgar os inimigos de Israel – Seus inimigos – e depois trazer bênçãos milenares, não apenas para o Seu povo terrenal, mas para todo o mundo.


A ascensão

Foi exatamente neste momento que os anjos se referiram em Atos 1:11, quando disseram aos discípulos: “Varões galileus, por que estais olhando para o céu? Esse Jesus, que dentre vós foi recebido em cima no céu, há de vir assim como para o céu O vistes ir”. O Senhor Jesus “levou-os fora, até Betânia” (Lc 24:50) e ao mesmo Monte das Oliveiras, a partir do qual subiu ao céu. Nesse momento, o evangelho deveria ser novamente pregado à nação de Israel, mas de um Cristo ressuscitado em glória, para que eles tivessem mais uma oportunidade de se arrepender e crer. Assim, o cenário aqui ainda é judaico, pois se a nação de Israel tivesse respondido a essa mensagem final, sem dúvida o Senhor teria retornado e estabelecido o reino. Mas quando a nação em geral recusou esse testemunho, o reino terrenal foi adiado até que a Igreja fosse reunida, principalmente dentre os gentios.


Podemos dizer então, que embora a interpretação estrita dessa Escritura em Atos 1:11 se refira à Aparição do Senhor em favor de Israel, moralmente podemos aplicá-la a nós mesmos hoje, enquanto esperamos a vinda do Senhor para nós, para nos levar antes de chegar o dia do julgamento. Quando Ele voltar em poder e glória, nós estaremos com Ele, e faremos parte de tudo o que estará envolvido no estabelecimento do reino milenar. “Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os Seus juízos, e quão inescrutáveis, os Seus caminhos!” (Rm 11:33) Podemos bem dizer, com Paulo: “Porque d’Ele, e por Ele, e para Ele são todas as coisas; glória, pois, a Ele eternamente. Amém” (Rm 11:36).


W. J. Prost

 

O Monte Santo e o Calvário


Um contraste solene

“E, estando ele ainda a falar, eis que uma nuvem luminosa os cobriu. E da nuvem saiu uma voz que dizia: Este é o Meu Filho amado, em Quem Me comprazo” (Mt 17:5).


“E, desde a hora sexta, houve trevas sobre toda a Terra, até à hora nona. E, perto da hora nona, exclamou Jesus em alta voz, dizendo: Eli, Eli, lemá sabactâni, isto é, Deus Meu, Deus Meu, por que Me desamparaste?” (Mt 27:45-46).


Rejeição e crucificação

Havia chegado a hora de Seus discípulos serem claramente advertidos de tudo o que estava prestes a acontecer. Assim está escrito: “Desde então, começou Jesus a mostrar aos Seus discípulos que convinha ir a Jerusalém, e padecer muito dos anciãos, e dos principais dos sacerdotes, e dos escribas, e ser morto, e ressuscitar ao terceiro dia” (Mt 16:21). É a cruz, porém a cruz vista pelo lado do homem, pois não há menção aqui aos sofrimentos mais profundos nos quais a expiação foi realizada. A maré de ódio humano e rebelião contra Deus e contra Seu Ungido estava subindo rapidamente e estava prestes a culminar na rejeição e crucificação finais do Filho de Deus.


De todos os pontos de vista, foi um final terrível para um caminho como o d’Ele, tão cheio de graça e bênção para com os homens pecadores – horrível para aqueles que eram os instrumentos para realizá-lo. O Filho de Deus estava aqui na Terra, não com pompa e esplendor exterior, nem com fogo flamejante como no monte solene do Sinai, nem com hostes de anjos poderosos, que aumentarão Sua comitiva no dia do julgamento que se aproxima. Ele veio antes para libertar os homens do seu odioso jugo de pecado. Portanto, Ele veio em forma de um Homem humilde, Sua Divindade envolta em um tabernáculo de carne e sangue. Veio cheio de graça e de verdade.


Jamais uma palavra como a d’Ele havia chegado aos ouvidos dos mortais, nem tinham sido vistas, desde a fundação do mundo, ações como as que foram testemunhadas aonde quer que o Salvador fosse. Ainda assim Ele era desprezado e rejeitado pelos homens, um Homem de dores e experimentado nos sofrimentos (Is 53:3 – AIBB). Os que estavam assentados às portas falavam contra Ele, e Ele era a canção dos bebedores de bebida forte (Sl 69:12). Tampouco o coração do homem, energizado por Satanás, ficaria contente até que Ele tivesse sido prendido como um ladrão, coroado com escárnio por uma coroa de espinhos e crucificado entre malfeitores como sendo Seus companheiros. Que final, e que exibição de humanidade se via ali!


Contemple-O então – Aquele que deu visão aos cegos, audição aos surdos, palavras aos mudos e vida aos mortos – que curou o leproso, enxugou as lágrimas dos olhos dos que choravam, consolou o coração partido, e cujas palavras foram palavras da vida eterna! Contemple-O em uma cruz romana comum, e essa cruz é a única recompensa que o homem deu por tudo o que havia dito e feito!


O monte santo

Mas tudo isso, tão claramente previsto e predito pelo Senhor, é apenas o fundo escuro do cenário, e serve para realçar de uma forma brilhante a cena encantadora do monte santo. Levando Consigo Pedro, Tiago e João, Ele foi para um alto monte à parte e foi transfigurado diante deles. Eles olham pasmados para Ele, e eis! Seu rosto brilha como o Sol, e Seu traje era branco como a luz. E como eles olham, sendo testemunhas oculares de Sua majestade, uma nuvem de glória os cobriu; eles temem e caem com a face no chão. Então, dessa nuvem, uma voz é ouvida; é a voz de Deus Pai dizendo: “Este é o Meu Filho amado, em Quem Me comprazo”.


É assim que Deus Pai deu honra e glória a Jesus. Assim Ele O confessou como Seu Filho amado, Aquele em Quem encontrou Seu bom prazer. Todo pensamento, toda palavra e todo impulso de Seu coração eram como incenso puro e doce, sempre subindo a Deus Pai e fornecendo, por assim dizer, novos motivos para o amor do Pai.


O contraste

Mas devemos retornar do “monte santo”, onde o coração, cativado por sua beleza, gosta de permanecer, e ir para “o lugar que se chama Calvário”, onde veremos Jesus em outras cenas. Na cruz, nós O contemplamos agora. Pise delicadamente, ó minha alma, pois tu estás em solo santo. Não há nuvem ofuscante de glória aqui, nem voz do céu, nem Moisés, nem Elias, nem anjo como o que ministrou a Ele no sombrio Getsêmani. Em vez de um rosto que brilha como o Sol, vemos Aquele que foi mais maltratado do que qualquer outro homem. Tristeza e trevas exteriores, respondidas por mais tristes e maiores trevas internas, que finalmente encontraram expressão no irrompido brado “Eli, Eli, lemá sabactâni?” Passando com rapidez de pensamento do Calvário para o monte da transfiguração e do monte da transfiguração de volta para o Calvário, podemos apenas exclamar: Que poderosa revolução temos aqui! Naquele monte honrado e glorificado, nesse monte ferido e abandonado; Deus Pai dizendo: “Este é o Meu Filho amado, em Quem Me comprazo”, aqui o Filho clama: “Deus Meu, Deus Meu, por que Me desamparaste?” Nós entendemos este grande mistério?


Como isso destrói completamente o pensamento desonroso de que a cruz para Cristo era apenas a morte de um mártir! Quem já ouviu falar dos mártires de Deus serem abandonados e obrigados a confessar em voz alta e na presença de seus inimigos que foram abandonados por Deus na sua hora extrema? Não! Não foram eles ousadamente à espada ou à estaca e com gozo deram boas-vindas à morte? Sustentados pelo poder e pela presença de Deus, eles entoam cânticos de santo triunfo enquanto o fogo devorador fazia seu trabalho mortal, e o rosto deles brilhava como o de um anjo. Mas não foi assim com Jesus, embora ninguém tenha servido como Ele serviu ou amado como Ele amou.


Não fomos deixados para encontrar uma solução para tudo isso. Em vão seria a tarefa, o céu não lançou luz sobre a sombria questão. Um versículo em Isaías 53 explica tudo: “Todos nós andamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo seu caminho, mas o SENHOR fez cair sobre Ele a iniquidade de nós todos”. Com esse versículo em vista, o mistério que envolve a cruz passa, e entendemos como: “Mas Ele foi ferido pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre Ele, e, pelas Suas pisaduras, fomos sarados”.


Christian Truth, Vol. 15 (adaptado)

 

Meu Santo Monte


Ao considerar o assunto sobre montes, não podemos deixar de notar uma frase que ocorre doze vezes na Palavra de Deus: “Meu santo monte”. Todas as referências a “Meu santo monte” ocorrem no Velho Testamento, em profecias relacionadas a Israel, e particularmente à sua glória futura, quando o Senhor os restaurar a um lugar de destaque no mundo, no milênio. Essas profecias ainda não foram cumpridas, mas certamente serão, pois o Senhor disse isso. Não precisamos especular sobre o significado primário da frase, pois lemos: “E trarão todos os vossos irmãos, dentre todas as nações, por presente [oferta – ARA] ao SENHOR, sobre cavalos, e em carros, e em liteiras, e sobre mulas, e sobre dromedários, ao Meu santo monte, a Jerusalém, diz o SENHOR, como quando os filhos de Israel trazem as suas ofertas em vasos limpos à Casa do SENHOR” (Is 66:20). Além disso, lemos: “Sabereis, assim, que Eu Sou o SENHOR, vosso Deus, que habito em Sião, meu santo monte; e Jerusalém será santa; estranhos não passarão mais por ela” (Jl 3:17 – ARA). Em dias vindouros, a cidade de Jerusalém e o templo serão conhecidos como o “monte santo” de Deus.


A bênção no céu e na Terra

Deus tem em Seus propósitos abençoar a Igreja no céu e abençoar Israel na Terra, pois Ele disse que haverá “a administração da plenitude dos tempos; encabeçar todas as coisas em o Cristo, as coisas nos céus e as coisas na Terra” (Ef 1:10-11 – JND). A Igreja primeiro deve ser levada quando nosso Senhor Jesus Cristo vier nos chamar ao lar, mas depois Ele começará a realizar Seus propósitos na Terra, com o objetivo de estabelecer Seu glorioso reino. Os terríveis julgamentos durante e no final do período da tribulação prepararão o caminho para isso, e então o Senhor Jesus aparecerá com Sua noiva, a Igreja, “para ser glorificado nos Seus santos e para Se fazer admirável, naquele dia, em todos os que creem” (2 Ts 1:10).


Jerusalém

Em uma edição anterior da revista O Cristão (Junho de 2017), abordamos o assunto sobre Jerusalém, observando que várias frases são dadas na Escritura para descrever essa cidade em bênçãos do Milênio, incluindo “a alegria de toda a Terra”, “a cidade do Grande Rei” (Sl 48:2)e “a cidade da paz”. Mas, como vimos, Deus também dará outro título: “Meu santo monte”. Nenhuma das descrições acima se encaixa em Jerusalém hoje, pois não vemos nada de “a alegria de toda a Terra”, nem de “a cidade da paz”. É um lugar de constante conflito, pois Cristãos, judeus e muçulmanos competem por seu lugar nela. O grande rei, nosso Senhor Jesus Cristo, é rejeitado e expulso, e a expressão “Meu santo monte” certamente não poderia ser aplicada a ela hoje. Num dia vindouro, tudo mudará, pois Deus trabalha para trazer novamente Seu povo terrenal, Israel, para a bênção. Devemos lembrar, é claro, que, antes que todas essas expressões maravilhosas possam ser aplicadas a Jerusalém, ela deve primeiro passar por um incalculável sofrimento e depois se tornar “uma pedra pesada para todos os povos” (Zc 12:3). Mas então Deus fará dela a Sua capital na Terra.


“Meu Santo Monte”

A expressão “Meu santo monte” sem dúvida se refere ao fato de que o monte do templo é realmente o Monte Moriá, onde foi dito a Abraão que sacrificasse Isaque, onde o templo de Salomão estava localizado e onde hoje fica a mesquita de Omar. Embora Israel tenha controle militar de toda a cidade, eles não se atrevem a tocar na mesquita de Omar, para que não provoquem um conflito internacional. A Escritura deve ser cumprida: “Jerusalém será pisada pelos gentios, até que os tempos dos gentios se completem” (Lc 21:24). Mas no dia vindouro o Islã e sua influência desaparecerão, o templo milenar será construído no Monte Sião, e o caráter de Jerusalém será como é descrito em Escrituras como: “Grande é o SENHOR e mui digno de louvor na cidade do nosso Deus, no Seu monte santo” (Sl 48:1). Mas a expressão “Meu santo monte”, enquanto define principalmente a cidade milenar de Jerusalém, tem significados mais amplos e variados.


A Terra milenar

Também lemos: “Não farão mal nem dano algum em todo o Meu santo monte” (Is 11:9; 65:25). Isso amplia a expressão, referindo-se a toda a Terra milenar, quando a competição e a violência entre as nações cessarão, e até o reino animal será mudado, de modo que eles não atacarão um ao outro, como hoje. Outra referência nos diz que “mas o que confia em Mim possuirá a terra e herdará o Meu santo monte” (Is 57:13). Aqui a expressão se refere à terra de Israel, quando aqueles que confiam no Senhor novamente possuirão sua terra, em paz e segurança.


Um aviso

Em outros casos, as palavras são um aviso, pois lemos: “Tocai a trombeta em Sião, e dai o alarme no Meu santo monte. Tremam todos os moradores da terra, porque vem vindo o dia do Senhor; já está perto” (Jl 2:1 – AIBB). Aqui está um aviso solene de que o Senhor está prestes a estabelecer Seu reino, mas por meio do julgamento, e o Israel apóstata sentirá isso primeiro, antes que o Senhor comece a lidar com as nações em geral. Em outra referência, lemos: “Porque, como bebestes no Meu santo monte, assim beberão, de contínuo, todas as nações; beberão, sorverão e serão como se nunca tivessem sido” (Ob 16 – ARA). Aqui a frase é um aviso aos edomitas, inimigos implacáveis de Israel por milhares de anos, que em seu orgulho se regozijaram com a opressão de Israel. Eles serão por fim totalmente aniquilados por tudo isso.


O lugar de adoração

Por fim, lemos sobre aqueles que amam o nome do Senhor: “também os levarei ao Meu santo monte e os festejarei na Minha Casa de Oração; os seus holocaustos e os seus sacrifícios serão aceitos no Meu altar, porque a Minha casa será chamada Casa de Oração para todos os povos” (Is 56:7). Durante o Seu ministério aqui na Terra, nosso Senhor limpou o templo de contaminação – aqueles que vendiam animais, os cambistas e os próprios animais, citando essa Escritura como um contraste com o “covil de ladrões” que os judeus haviam feito da casa de Deus. No dia vindouro, todos reconhecerão Jerusalém e o templo milenar como o “monte santo de Deus”, um lugar onde todas as nações recorrerão para conhecer o Senhor e adorá-Lo.


W. J. Prost

 

Os Montes e os Vales de Horebe


A posição de Israel antes do Sinai era única. Eles haviam sido libertados da escravidão egípcia por uma sucessão de manifestações milagrosas do poder divino, e todos os dias desde que deixaram aquela terra, seja na nuvem de glória, no maná ou na rocha, um milagre enfatizava a presença de Deus entre eles. Tendo chegado ao Sinai, estavam absolutamente isolados do mundo em geral e foram confinados consigo mesmos e com Deus.


As características físicas do Horebe e do Sinai são notáveis. O deserto árido geralmente é um tema para a poesia da Escritura, e inúmeros lábios e penas Cristãs encontraram nela ilustrações para a vida cotidiana. Mas o monte de Horebe não evoca nenhuma música. Produz, em vez disso, o sentimento de reverência e nos silencia. Horebe é “o grande labirinto de montanhas”, onde fica o próprio Sinai que significa “a montanha do solo seco”, e isso por gerações tem sido seu caráter. Sinai é a montanha do espinho. As ideias predominantes ligadas à região são a de nudez e esterilidade. O próprio Sinai é conhecido por suas rochas nuas e penhascos sem vida, dos quais o solo há muito foi varrido. O vale na base da montanha geralmente não passa de um curso de água seco, com pedras caídas sobre ele, derrubadas pelas tempestades. Os penhascos nus não absorvem a chuva e, portanto, as chuvas que caem sobre eles formam inundações que, com uma rapidez maravilhosa, carregam tudo à sua frente. As chuvas do céu que trazem vida, por causa das rochas impermeáveis, são, portanto, a causa da desolação do Sinai. O silêncio reina na região; e quando interrompido pela voz do homem, ou o grito da hiena, o som se eleva nas encostas das montanhas.


De uma maneira muito marcante em Horebe e Sinai, uma localidade é preparada e selecionada pela mão divina para a concessão da lei, e até as rochas repelentes de chuva parecem ser um símbolo do coração humano endurecido contra as palavras do céu, de modo que “o mandamento que era para a vida” é encontrado “para a morte” (Rm 7:10).


Os recursos naturais

Repetidas vezes, em Suas revelações ao homem, Deus teve o prazer de ilustrar Suas palavras pelas características naturais da localidade de onde as palavras foram pronunciadas. Ao falar aos homens, Deus usa o natural para dar ênfase ao espiritual. Somos naturais, a natureza nos rodeia e é este mesmo ambiente que Deus usa para nos ensinar as verdades que estão fora e além do reino da natureza.


Durante toda a vida Israel foi educado sob a influência de templos inspiradores e magníficos, bem como dos mais esplêndidos espetáculos de pompa religiosa. Eles ouviram o som da música e a aclamação de milhares de vozes celebrando a glória dos deuses. Eles haviam cedido à sedução da idolatria, pelo menos em muitos casos (veja Amós 5:25-26). Jeová, seu Criador, não Se esqueceu disso. Ele preparou o acampamento deles no vale de tal maneira, que eles deveriam ocupar um templo natural de tal formato e magnitude que, comparado a ele, os edifícios mais magníficos do Egito eram como brinquedos. O silêncio, mais profundo do que o que reinava entre as colunas dos templos que suas mãos ajudaram a erguer, os envolvia, para ser quebrado repetidamente pelas espantosas vozes e trombetas do céu. Como uma cobertura, arqueando-se sobre os muitos despenhadeiros multicoloridos que lhes serviam de muros, estendia-se a nuvem espessa que compunha o escabelo para os pés de Deus. As ombreiras do Sinai ergueram-se como muros do estupendo templo em que eles estavam, enquanto, desde suas alturas, até a cobertura da nuvem, o fogo devorador subia.


O Sinai era um monte isolado de certa forma dos demais. A narrativa da Escritura nos informa que foram estabelecidos limites (Dt 4:11; Êx 19:23), que era à vista de uma planície em que “todos” (Êx 19:11) podiam ficar de pé e se mover para mais “próximo” ou “longe” do monte (Êx 20:21). Era suficientemente amplo no cume para permitir que uma pessoa estivesse em isolamento enquanto outras 70 também estavam lá (Êx 24:1-11). A base do monte podia acomodar os dois ou três milhões de israelitas que estavam de pé e encaravam o monte em fogo, permitindo que eles vissem tudo, sem que uma fila obstruísse a visão da fila de trás dela. Alguém pode questionar o desígnio de Deus na escolha dessa planície? Certamente o caráter natural do Monte Sinai estava de acordo com a lei solene que foi proclamada ali!


H. F. Witherby (adaptado)

 

Dois Montes


Hebreus 12 fala de dois montes – um que fala da lei e outro que fala da graça. E é uma questão importante para a nossa alma, para qual desses montes somos trazidos, pois em conexão com um, temos que lidar com Deus fazendo exigências sobre nós, enquanto, em conexão com o outro, nos relacionamos com Deus como agindo em graça. “Porque não chegastes ao monte que podia ser tocado e estava todo em chamas, e à escuridão, e trevas, e tempestade, e sonido de trombeta e voz das palavras; os que ouviram, desculpando-se, recusaram a palavra dirigida a eles: (porque eles não foram capazes de suportar o que foi ordenado: E se um animal tocar o monte, será apedrejado; e, tão terrível era a visão, que Moisés disse: Estou excessivamente temeroso e cheio de tremor;) mas vós chegastes ao monte Sião; e à cidade do Deus vivo – a Jerusalém celestial; e às miríades de anjos – a reunião universal; e à assembleia dos primogênitos que estão registrados no céu; e a Deus – Juiz de todos; e aos espíritos dos homens justos tornados perfeitos; e a Jesus – Mediador de uma nova aliança; e ao sangue da aspersão – que fala melhor do que Abel” (Hb 12:18-24 – JND).


O fracasso da lei

Deus havia comunicado a lei a Israel no monte Sinai, e a responsabilidade deles estava de acordo com as justas exigências dessa lei. Nisto falharam, e fracassaram totalmente; e nos dias de Eli, a arca – o único elo remanescente entre Jeová e Seu povo – foi tomada pelos filisteus. No final desta carreira de fracasso, Deus em graça escolheu o rei Davi, que, com seu filho Salomão, fundou o templo no monte Sião. Essa era a expressão da graça de Deus para um povo que havia falhado, quando tudo estava acabado com base na responsabilidade sob a lei.


E esta é a graça segundo a qual Deus havia visitado os santos hebreus que aceitaram o Messias. É a mesma graça que nos levantou e que permanece conosco dia após dia. Só nesse princípio podemos seguir com Deus. Deus age conosco em graça. Esta é uma imensa verdade para nossa alma apreender, pois somente quando nos apegamos a isso, podemos perceber o caráter de nosso relacionamento com Deus e uns com os outros como Cristãos, e os princípios que devem nos governar nos nossos caminhos uns com os outros. Nossos pecados foram purificados por meio do sangue de Cristo. Isso é pura graça!


Santidade

Mas não é requerida a santidade? Sem santidade, nenhum homem pode ver o Senhor, como somos informados no versículo 14. Isto também é graça? A necessidade de santidade certamente não é graça, mas se o caráter e a natureza de Deus são tais que ninguém pode estar em Sua presença sem santidade, Ele a fornece a nós em graça, bendito seja o Seu nome! Nós não a temos em nós mesmos, mas Ele nos torna “participantes de Sua santidade”, mesmo que Ele tenha que nos levar a um exercício de alma, pelo qual poderemos receber tudo d’Ele. Todas as bênçãos fluem d’Ele em perfeita graça, e nosso lugar diante d’Ele é o dos que recebem e que Lhe estão sujeitos.


Graça de um para com o outro

Mas agora, se Deus age em nosso favor no princípio da graça, devemos ser imitadores d’Ele, como filhos queridos. A graça é o princípio pelo qual devemos agir, uns em relação aos outros. Percebemos isso o suficiente em nossa alma, para agir de forma prática de acordo com os princípios divinos? Encontramos no início de Hebreus 12 que estamos numa corrida, e os pesos devem ser deixados de lado e o pecado que rodeia nosso andar, e então Deus age e nos ajuda pela correção, fazendo-nos participantes de Sua santidade. Ora não estamos sozinhos nesse caminho. Há uma companhia – toda a companhia do povo de Deus – caminhando juntos em direção a Ele que acabou a carreia de fé e que Se assentou à direita do trono de Deus, mas que logo Se levantará para receber os Seus. É com essa companhia que devemos estar. Não é uma mera corrida egoísta onde apenas um recebe o prêmio. Todos nós estamos viajando juntos e, como em um rebanho de ovelhas, há os fracos e os coxos, não para serem deixados para trás, mas para serem ajudados. Há “mãos cansadas” e “joelhos desconjuntados”. Como devemos agir em relação a eles? A passagem é simples: “Portanto, tornai a levantar as mãos cansadas e os joelhos desconjuntados, e fazei veredas direitas para os vossos pés, para que o que manqueja se não desvie inteiramente; antes, seja sarado” (Hb 12:12-13). Este não é o monte terrível que queimava em fogo, é a pura graça de Deus.


Por um lado, a graça nos leva a ministrar ajuda aos fracos e aos débeis. Por outro lado, isso nos levará a sermos vigilantes, atentos aos nossos próprios caminhos, para que o coxo não seja desviado do caminho. Há coxos no rebanho, e eles não correm bem, mas o chicote não seria um remédio para eles. Não devemos agir em relação a eles no princípio dos exatores de Faraó para com os filhos escravos de Israel. Este não é o caminho de Deus. Ele age conosco em graça e nos ajuda em nossas fraquezas, ou se Ele castiga, quando necessário, é “para sermos participantes da Sua santidade”. O que devemos pensar de um pastor que dá chicotadas em uma ovelha pobre e fraca? No entanto, quantas vezes isso é feito entre o rebanho de Cristo! O chicote em vez de graça! Monte Sinai em vez do Monte Sião! A Palavra de Deus é: “Antes, seja sarado”. Não é que a santidade possa ser dispensada e, portanto, está escrito: “Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor”. Somente nos lembremos de que o chicote e o monte ardente não curarão nem produzirão santidade. Somente a graça pode fazer isso, e assim é acrescentado: “vigiando com cuidado para que a ninguém falte a graça de Deus” (v. 15 – TB). Se eu perder em minha alma o senso daquela graça em que Deus está sempre agindo em relação a mim, fracassarei em manifestar graça para com meus irmãos. E quem pode dizer qual será a perda e dano aos santos? Alguma raiz de amargura surge, e surge o problema, e muitos são assim contaminados.


Falha em demonstrar graça

Que tristeza às vezes é causada na assembleia de Deus, porque alguém – pode ser um lider – que tenha fracassado na graça de Deus e agiu no espírito da lei em vez do Espírito de Cristo! Ou alguém, por ganância, fez uma barganha ou defraudou seu irmão! Ou alguma palavra foi falada inadvertidamente, e uma semente má foi semeada em algum coração, que surge como raiz de amargura, produzindo problemas, que passa de língua em língua, contaminando muitos. Certamente tal conduta é muito triste, totalmente contrária ao Espírito de Cristo, e se não for julgada de forma severa por aqueles que assim agem, trará a mão do Senhor em disciplina.


Oh, que percebamos no íntimo de nossa alma que somos salvos pela graça, que permanecemos na graça e que é graça a cada passo do caminho até o fim! E perceber que somos chamados a viver e agir uns com os outros no poder da mesma graça na qual Deus agiu e sempre age conosco.


A. H. Rule

 

Fé que Pode Mover Montanhas


A fé genuína tem uma qualidade ativa e passiva, que pode ser vista na vida de quem a possui. No sentido ativo, é a expressão física da lealdade que temos para com uma pessoa ou a fidelidade a uma obrigação ou confiança e o exercício de seu dever em relação a ela. No aspecto passivo, é a confiança que repousa na certeza da palavra ou nas garantias de outrem. Para os crentes, é encontrar e ter tudo em Cristo.


Ao estudar a Bíblia, somos ensinados o que é fé genuína nos exemplos dados por aqueles que entregaram suas vidas a Deus, confiando em Sua fidelidade e cuidado para com eles. É encontrada naqueles que o admiram, reconhecendo-O como o Criador e Sustentador de todas as coisas e o Juiz de todo o universo. Isso não é sugerir que as pessoas envolvidas eram perfeitas e sem qualquer dúvida, mas que, mesmo em erro ou sob provação, elas esperavam no Senhor libertação de tudo isso. Esses exemplos estão em todos os livros da Bíblia, tanto do Velho como do Novo Testamentos. Todos os que são declarados justos têm a mesma coisa em comum: crer na Palavra de Deus e confiar unicamente em Sua graça para com eles (Hb 11:3-38). Simplificando, fé é aquilo que reconhece Deus como Verdadeiro e Fiel à Sua Palavra.


Como Noé, Abraão, Sara, Jó, Moisés, Raabe, Davi, como os profetas; como Pedro, Tomé e Paulo; quanto a nós – o coração dado a Deus em total confiança em Sua fidelidade será caracterizado por obediência amorosa para fazer Sua vontade (sabendo fielmente que, mesmo que falhemos de tempos em tempos, Deus é gracioso e justo; Sua correção é verdadeira, e devemos confiar n’Ele quanto a todas as coisas, e para corrigir todas as coisas, de acordo com Seu próprio propósito – 2 Tm 2:11-13). Certamente, o cumprimento da fé está na Pessoa e obra de Cristo.


O produto da fé

Enquanto alguns podem pensar em Hebreus 11:1 como a definição de fé, é na verdade o produto do que é a verdadeira fé. A simples definição bíblica de fé, no entanto, é encontrada em João 3:33: “Aquele que aceitou o Seu testemunho, esse confirmou que Deus é verdadeiro”. O que se entende por “confirmou” [ou selou na KJV], no contexto, é o que é conhecido como sinete: É o selo de propriedade impresso como uma marca da genuinidade do conteúdo ou da privacidade do acesso (quanto à sua posse) onde ele estiver estampado. Isso não significa que quem crê endossa o que está sendo afirmado como verdadeiro, mas atribui essa verdade como vinda somente de Deus. Ele a reconhece como sendo Sua.


Testemunho de Deus

“Receber” o testemunho do Filho, então, é crer no Filho, sustentando que tudo o que Deus havia predito é cumprido n’Ele (Mt 5:17). Isso é demonstrado pela obediência do crente à Sua Pessoa e autoridade como Salvador e Senhor. Embora isso inclua a obediência aos Seus mandamentos, é a obediência produzida e manifestada pelo amor naqueles que reconhecem que já são aceitos e completos n’Ele (Rm 1:17; 3:21-26). Alguns podem dizer que acreditam que Cristo é o Filho de Deus, e até mesmo que Ele é o Messias, mas não faz sentido, a menos que o recebam como tal e se submetam a Ele na plenitude de Sua Pessoa e autoridade (veja também Mateus 7:13-27). Esta é a obediência e submissão que somente é criada pelo reconhecimento de Deus como sendo verdadeiro.


No Velho Testamento, receber o testemunho de Deus significava não apenas “invocar” o nome de Jeová, mas aqueles que se chamavam a si mesmos “pelo nome de Jeová” (Gn 4:26 – JND nota de rodapé). Abraão foi um exemplo de seu significado na prática: Ele tomou a Palavra de Deus e agiu como um fato consumado em sua vida. Ele não era apenas considerado justo por causa disso, mas era chamado de “amigo de Deus”. Ele era um homem de Jeová, “adotado” como tal pelo próprio Jeová, e conhecido por seus contemporâneos como pertencendo a Ele – um seguidor de Deus.


“Invocar” o Senhor

Continuando de volta ao Novo Testamento, então, não é como os sete filhos de Ceva procuravam fazer (At 19:13-16) – “invocar” o nome do Senhor, mas é também possuir o direito de ser chamado pelo Seu nome. É uma relação de amor pessoal com Ele. O que significa “invocar” o nome do Senhor é nos apossar de tudo o que Cristo é, e, por sua vez, ser verdadeira a confissão de que somos possuídos por Ele. Um relacionamento de amor deve existir em ambos, possuindo-O em tudo o que Ele é e sendo possuído por Ele como Seu próprio. A comparação na Escritura entre o “selo” em si e o uso dele em sua aplicação é uma bênção a ser desfrutada. Este é o “selo” que recebemos como pertencente a Ele, sendo selados pelo Espírito Santo até o dia de nossa completa redenção (Rm 8:14-23; Ef 1:5-14; 4:30).


Embora possuir o selo de Deus seja mostrado de maneira muito bela em toda a Bíblia, é um particular consolo nos exemplos daqueles que não andam exatamente como deveriam. É nos momentos em que o ato de desobediência e pecado da pessoa leva à correção do Senhor, e eles se voltam para Ele em fé, que Ele perdoa.


O exemplo da vida de Davi

A vida de Davi é um exemplo perfeito disso. Ele foi escolhido por Deus, declarado uma pessoa segundo o coração de Deus, mas havia cometido pecados sob a lei que eram verdadeiramente dignos de morte imediata, nos atos de adultério e homicídio (2 Sm 11). Em fé, e não apenas neste incidente, ele se voltou para Deus para perdão e libertação (2 Sm 12; Sl 51). Esse foi seu repetido testemunho de confiança em Deus.


Por mais que uma pessoa do mundo pareça encontrar falhas em Davi, vendo nada como exemplo, exceto seu pecado, aqueles de fé ouvem o próprio testemunho de Deus sobre ele. O próprio Deus declarou Davi como justo, um homem segundo o Seu próprio coração. Não é o pecado de Davi pelo qual ele é lembrado, mas por sua fé, e por meio de quem o Redentor prometido deveria vir (Mt 12:18-23; 22:41-45; At 2:25-36).


Davi “possuía” o testemunho de Deus como verdadeiro. Ele o possuía como um fato já realizado. Para alguém de fé, a Palavra de Deus, seja em profecia ou história, em promessa ou em aprendizado, é vista como perfeita – como já tendo sido cumprida ao máximo. Está completa, sem nada que possamos adicionar ou tirar: O conselho (palavra e decreto) do Senhor permanece (Sl 33:11; Ap 22:16-21).


A. Yerkey (adaptado)

 

Remoção de Montanhas


Quaisquer que sejam as montanhas de dificuldade que possam aparecer, Deus pode removê-las ou fazer um caminho em torno delas, como Ele vê que seja bom e que seja conveniente. Precisamos de uma fé mais simples e como de uma criança. Em Zacarias 4:7, lemos: “Quem és tu, ó monte grande? Diante de Zorobabel, serás uma campina”. Nosso verdadeiro Zorobabel pode e irá de encontro a todas as nossas dificuldades. Confiando n’Ele, podemos estar em repouso.


Young Christian, vol. 31

 

Monte Sião

Em Hebreus 11, começando no versículo 22, os olhos estão fixos na assembleia dos primogênitos – a Igreja. Eles nem sempre pertenceram ao céu, como os anjos, mas seus nomes estão escritos lá, a graça os inscreveu no pergaminho celestial, de acordo com o propósito eterno de Deus. Então é para Deus que viemos. Ele é visto como o Juiz supremo de todos, a Quem toda criatura é responsável. Outra companhia também tem seu lugar nesse vasto círculo de glória – os espíritos dos homens justos aperfeiçoados, os mortos abençoados de uma dispensação anterior que aguardam a glória que compartilharão na vinda do Senhor. Por fim Jesus é mencionado – o Mediador da nova aliança – aquela aliança ainda a ser feita com as casas de Israel e Judá, e o sangue de Jesus, que é a base de toda bênção e glória para homens pecadores.


Por tudo isso, contrastamos com o monte Sinai, que justamente exigia uma justiça que jamais poderíamos prestar, e como justamente nos encerrou sob condenação e desespero. Mas essas coisas são tão vastas que precisamos orar por alargamento e pelos ensinamentos que somente o Espírito de Deus pode nos dar e nos ajudar a recebê-los.


“Mas vós chegastes ao monte Sião; e à cidade do Deus vivo – a Jerusalém celestial; e às miríades de anjos – a reunião universal; e à assembleia dos primogênitos que estão registrados no céu; e a Deus – Juiz de todos; e aos espíritos dos homens justos tornados perfeitos; e a Jesus – Mediador de uma nova aliança; e ao sangue da aspersão – que fala melhor do que Abel” (Hb 12:22-24 – JND).


Ao dizer que viemos para o monte Sião, o apóstolo não quer dizer o monte literal. Chegamos ao que nos fala o monte Sião, em contraste com o monte Sinai. Sião fala de graça, de bênção e de libertação de Deus quando tudo do lado do homem havia sido perdido. Chegamos a essa vasta esfera de bênção ainda a ser estabelecida e que é citada aqui em suas várias partes. Agora, o monte Sião é apenas o centro do sistema terrenal, há também a Jerusalém celestial, a cidade do Deus vivo. Nossos pensamentos são assim levados para o céu, e lá nos encontramos no meio dos habitantes do mundo invisível, a inumerável companhia de anjos.


Christian Truth, vol. 14 (adaptado)

 

Monte Carmelo


“Partiu ela, pois, e veio ao homem de Deus, ao monte Carmelo; e sucedeu que, vendo-a o homem de Deus de longe, disse a Geazi, seu moço: Eis aí a sunamita. Agora, pois, corre-lhe ao encontro e dize-lhe: Vai bem contigo? Vai bem com teu marido? Vai bem com teu filho? E ela disse: Vai bem” (2 Rs 4:25-26).


Eliseu morava no monte Carmelo, na colina, sugerindo os lugares celestiais, e foi para o monte Carmelo que ela foi, assim como vemos Cristo nos céus como nosso grande Sumo Sacerdote, a Quem somos instruídos a procurar ajuda oportuna. Nós nunca ficaremos desapontados se formos, pois ninguém com uma necessidade foi rejeitado. A viúva de Naim restaurou seu filho à vida e ela foi consolada. A sogra Pedro se recuperou de uma grande febre. Cristo está sempre disponível para a fé.


Jesus veio aqui para servir; agora, quando no alto, Ele serve como nosso grande Sumo Sacerdote; quando chegarmos em casa, Ele sairá para servir Seu povo. Bendito Salvador! Embora o olho natural não possa vê-Lo, a fé conhece e crê no amor do Seu coração.


Essa grande mulher costumava estar no campo frutífero de Deus em espírito, mas nesse momento ela foi diretamente a Eliseu em pessoa. O profeta a viu se aproximando, como Deus está observando continuamente o bem dos Seus. O profeta falou dela como sunamita, prestes a reivindicar sua herança, agora em caráter permanente, porque sem um filho ela não poderia ter continuidade de sua herança. Estamos interessados em nossa herança eterna ou encontramos nossos interesses apenas neste mundo presente?


Quando testada pela pergunta de Geazi, ela respondeu: “vai bem” Ela não pôde abrir seu coração para ele porque seu discernimento espiritual a levou a detectar que ele não era um homem de Deus. Mais tarde, Geazi ficou coberto de lepra. Uma coisa é abrir nosso coração ao Senhor, outra completamente diferente é abri-lo ao mundo.


“Chegando ela, pois, ao homem de Deus, ao monte, pegou nos seus pés; mas chegou Geazi para a retirar; disse porém o homem de Deus: Deixa-a, porque a sua alma nela está triste de amargura, e o SENHOR mo encobriu e não mo manifestou” (2 Rs 4:27).


O servo não sabia que a alma dela estava atormentada, e ele não manifestava a empatia de Cristo, mas deveria ela contar sua tristeza a um homem como Geazi, que não tinha a mente de Deus? “E disse ela: Pedi eu a meu senhor algum filho? Não disse eu: Não me enganes?” (2 Rs 4:3).


A verdade sobre a morte do filho, que o Senhor havia ocultado de Eliseu, veio à tona agora. A verdadeira bênção só poderia vir por meio da morte e ressurreição, e a fé da sunamita foi grandemente fortalecida.


C. E. Lunden

 

Monte Sinai e Calvário


“não chegastes ao monte... aceso em fogo”

(Heb. 12:18).



Eu estive sob o “monte ardente”

E ouvi o alto som da trombeta,

Enquanto os trovões ressoavam e os relâmpagos brilhavam,

E o terremoto sacudia o chão;

E o próprio Moisés, o homem de Deus,

Quem enfrentou a ira do tirano,

E fendeu o mar com sua vara de pastor,

No entanto, tremeu diante do fogo do Sinai!


Quão terrível era aquela poderosa voz,

Mais terrível do que a explosão do relâmpago,

Que lá Sua santa e justa lei

Proclamou ao exército de Israel!

Expôs e julgou todas as minhas palavras e caminhos,

E investigou as profundezas interiores;

Não posso permanecer nesta terrível labareda;

Ela me mostrou que não sou nada além de pecado.


Moisés desce do monte ardente,

As Tábuas de pedra estão em suas mãos;

Seu rosto reflete tanto aquela luz condenatória,

Nenhuma alma diante dele pode ficar

Com a inflamada lei que convence da culpa,

Ele fala das sombras da graça;

Mas até que o sangue do verdadeiro Cordeiro seja derramado,

O véu deve cobrir seu rosto.


No monte do Calvário tenho permanecido adorando

E contemplando aquele maravilhoso madeiro,

Onde o Santo e Imaculado Cordeiro de Deus

Foi morto por um miserável como eu;

Como meu coração se agitou com aquele brado solene,

Enquanto o Sol estava envolto em escuridão,

“Eli, Eli, lama sabactâni?”

A mais bendita e terrível visão!


Meus pecados foram colocados em Sua santa cabeça,

Minha maldição por meu Senhor foi suportada;

Por mim uma vítima – meu Salvador – sangrou,

E suportou aquela morte de escárnio;

Ele mesmo Se deu para meu pobre coração ganhar

(Sempre foi amor, Senhor, como o Teu!)

Dos caminhos da loucura, vergonha e pecado,

E encha-o de gozos divinos.


E agora me aproximo do trono da graça,

Pois Seu sangue e meu Sacerdote estão lá;

E com gozo busco a face de meu Pai,

Com meu incensário de louvor e oração:

O monte ardente, o véu místico,

Com meus terrores e culpa se foram;

Minha consciência tem paz que nunca pode falhar:

“É o Cordeiro no alto sobre o trono”!


J. G. Deck

 

“E, naquele dia, estarão os Seus pés sobre o monte das Oliveiras, que está defronte de Jerusalém para o oriente; e o monte das Oliveiras será fendido pelo meio”

(Zacarias 14: 4)

 







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