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Revista mensal publicada originalmente em maio/2020 pela pela Bible Truth Publishers
ÍNDICE
G. V. Wigram (adaptado)
W. J. Prost
J. N. Darby (adaptado)
Young Christian, vol. 23 (adaptado)
Words of Truth, vol. 6 (adaptado)
D. F. Rule (adaptado de uma pregação para crentes)
P. W., Christian Friend, 1897 (adaptado)
W. J. Prost
J. T. Mawson (adaptado)
J. T. Mawson
Oração
“Os vinte e quatro anciãos prostraram-se diante do Cordeiro, tendo todos eles harpas e salvas [taças – ARA] de ouro cheias de incenso, que são as orações dos santos” (Ap 5:8). As orações dos santos estão conectadas com a graça de Deus agora, e serão lembradas por toda a eternidade. Existem coisas, que fazem o Seu povo sofrer, que Ele jamais esquecerá. Todas as suas orações são guardadas em grande estima diante de Deus, suas lágrimas são colocadas em Seu odre e valorizadas. O quê? A tristeza que esqueci, Deus a guardou? Essa é uma das coisas que brilhará? Podem as orações e gemidos de um santo ser guardados e ter um lugar especial – ser um aroma de doce sabor para Deus? Um santo pobre e quebrantado pode dizer: “Deus não apenas Se lembra da minha oração, mas a coloca em Seu próprio trono, como o pote de maná que Ele colocou, para ser lembrado como um troféu da maneira como conduziu Seu povo no deserto”. A lembrança daquelas orações lá em glória, diz qual era a necessidade especial de Sua presença aqui na Terra. Elas são mantidas em “taças de ouro”. O ouro marca o caráter divino daquilo pelo qual elas são mantidas; o aroma é um incenso perfumado subindo e a fragrância é sempre a mesma. Isso é dito das orações dos santos? Sim; nenhuma delas está perdida. O Senhor Jesus conhecia todas elas; estavam sempre diante de Deus.
G. V. Wigram (adaptado)
A Aparente Contradição da Oração
Nesta dispensação da graça, os crentes no Senhor Jesus tem sido levados a uma posição de proximidade com Deus que não foi conhecida nas eras passadas. Em vez de terem que passar por um sacerdote ou profeta como intermediário, todo crente pode agora se aproximar de Deus em oração e entrar diretamente em Sua presença. Somos encorajados a “orar sem cessar” (1 Ts 5:17), e: “Não estejais inquietos por coisa alguma; antes, as vossas petições sejam em tudo conhecidas diante de Deus, pela oração e súplicas, com ação de graças” (Fp: 4:6).
Muitas outras escrituras poderiam ser citadas para mostrar a ênfase colocada na oração no Novo Testamento, neste tempo da graça de Deus.
No entanto, às vezes a pergunta é feita: Deus já não sabe o que Ele fará? Ele não tem Seus propósitos já estabelecidos, seja no mundo como um todo ou com cada um de nós individualmente? Nós realmente mudamos a mente de Deus quando oramos? Alguns podem achar essas perguntas difíceis de responder, tendo em vista a soberania de Deus.
Interesses comuns com Deus
Sugiro que a resposta seja encontrada em uma observação feita por um irmão há muitos anos, no sentido de que “a oração se baseia no imenso privilégio de termos interesses comuns com Deus”. Assim, encontramos versículos muito pontuais que se referem à certeza de que nossas orações são respondidas: “tudo quanto pedirdes a Meu Pai, em Meu nome, Ele vo-lo há de dar” (Jo 16:23). Além disso, temos estas palavras: “Se pedirdes alguma coisa em Meu nome, Eu o farei” (Jo 14:14). Mas, então, temos outras escrituras que as equilibram, como: “E esta é a confiança que temos n’Ele: que, se pedirmos alguma coisa, segundo a Sua vontade, Ele nos ouve. E, se sabemos que nos ouve em tudo o que pedimos, sabemos que alcançamos as petições que Lhe fizemos” (1 Jo 5:14-15). Da mesma forma, lemos: “Amados, se o nosso coração não nos condena, temos confiança para com Deus; e qualquer coisa que Lhe pedirmos, d’Ele a receberemos, porque guardamos os Seus mandamentos e fazemos o que é agradável à Sua vista” (1 Jo 3:21-22).
Assim, vemos que mais uma vez estamos na esfera da soberania de Deus e da responsabilidade do homem – duas verdades paralelas que não podem ser conciliadas na mente humana. Em vez de tentar conciliá-las, devemos aceitá-las como sendo ensinadas na Palavra de Deus, e assim elas podem ser mantidas em equilíbrio adequado apenas andando em comunhão com o Senhor.
Os propósitos de Deus
Sim, Deus realmente tem Seus próprios propósitos, seja com o homem coletivamente ou com indivíduos. Seus propósitos serão cumpridos, porque Deus é soberano, e Ele “faz todas as coisas, segundo o conselho da Sua vontade” (Ef 1:11). Nós damos graças a Deus por isso, e em conexão com a mesma coisa, lemos: “E da mesma maneira também o Espírito ajuda as nossas fraquezas; porque não sabemos o que havemos de pedir como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis. E Aquele que examina os corações sabe qual é a intenção do Espírito; e é Ele [o Espírito] que segundo Deus intercede pelos santos” (Rm 8:26-27). Quão agradecidos devemos estar por nossas orações nem sempre serem respondidas de acordo com nossos próprios desejos! Quantas vezes de fato “pedimos mal” e desejamos aquilo que não seria de todo bom para nós! Mas temos a certeza de que nossas orações sobem a Deus, não com o entendimento imperfeito de nossas necessidades, mas com a intercessão do Espírito, feita de acordo com a vontade de Deus. Mesmo que a oração seja imperfeita, a resposta é sempre perfeita, porque é de acordo com Deus.
Uma vida sem oração
Mas isso deveria nos reduzir a uma atitude fatalista, onde descansamos nos propósitos de Deus e negligenciamos a oração? Absolutamente não; pois, se o fizermos, não apenas perderemos um grande privilégio, mas descobriremos inevitavelmente que uma vida sem oração é uma vida sem poder. É um grande privilégio ir ao Senhor com Seus interesses em nosso coração e pedir o que Deus deseja fazer. Como criaturas, dependência e obediência nos convêm; a oração nos leva à presença de Deus, expressando nossa dependência d’Ele, e como isso é necessário! Além disso, quando somos levados à presença de Deus, nosso estado de alma se manifesta e logo descobriremos se estamos em uma condição correta para orar. Então o Espírito de Deus, em vez de estar pronto para nos guiar em oração, pode ter que nos ocupar com algum pecado que o Senhor deseja que julguemos. Assim, um querido crente, quando perguntado por um cético se ele (o crente) realmente pensou que havia mudado a mente de Deus quando orava, respondeu: “Você está segurando a bengala pelo lado errado; quando eu oro, sou eu quem muda, não Deus”! Ao entrar na presença de Deus, somos levados a julgar o que não está de acordo com Sua mente, e nossos pensamentos são alinhados com os de Deus. Isso é muito necessário e, portanto, a oração deve ser uma coisa diária para nós, e talvez várias vezes durante o dia.
Iniquidade no coração
Finalmente, temos a palavra solene: “Se eu atender à iniquidade no meu coração, o Senhor não me ouvirá” (Sl 66:18). Posso reconhecer no meu coração o pecado que preciso confessar ao Senhor, mas na teimosia posso me recusar a fazê-lo. Então não posso andar em comunhão com o Senhor, e o resultado será que “o Senhor não me ouvirá”. Descobrirei que não posso orar corretamente, embora possa fazer as petições e dizer as palavras. Mas tais orações não serão respondidas, exceto para que o Espírito de Deus coloque ainda com mais força, em minha consciência, a necessidade de arrependimento e confissão.
Assim, vemos que devemos orar, tanto em ações de graças quanto em petições, reconhecendo ao mesmo tempo a bem-aventurança da intercessão do Espírito de Deus e a soberania de Deus em responder à oração. É um recurso que não precisaremos na eternidade, mas a bênção de uma caminhada em comunhão com o Senhor e a memória de como Ele respondeu às nossas orações permanecerão conosco.
W. J. Prost
Oração
Considerando algumas palavras sobre o verdadeiro caráter da oração, diria que, quanto mais simples agirmos de acordo com os preceitos e exortações divinos será melhor, pois eles são frutos da absoluta sabedoria divina, que conhece a perfeição divina e os desejos humanos.
A resposta para a oração me parece ser o executar de ações divinas em poder, a partir do que fluiu da sabedoria divina, formando desejos e vontades na alma. Isso se conecta com o amor e se conecta com a confiança que a fé expressa. Portanto, se a oração é apenas para que algo seja consumido com deleites, ela não é respondida (Tg 4:3); se estiver no Espírito e na oração de fé, é respondida de acordo com a solicitação. Assim, também, ela está conectado ao estado moral da alma – a entrada nos pensamentos de Deus e o que Seu amor nos faria desejar, movidos por esse amor. Cristo, perfeito nisso, podia dizer: “Eu bem sei que sempre Me ouves”, exceto na expiação, onde, no entanto, como resultado, Ele foi ainda mais gloriosamente ouvido.
Pensamentos confusos
Muitas vezes estamos confusos em nossos pensamentos; há coisas que nos pressionam como seres humanos aqui embaixo, e nós nos lançamos no amor e temos certeza de que seremos atendidos em amor, embora a resposta possa ser outra que não procuramos. Mas Deus atende à intenção moral da oração – a que Seu Espírito produziu – embora o pedido confiante, no qual a sabedoria falhou, possa não ser realizado. Mas o que desce para nós é sempre o que subiu para Deus, como operado em nós pela sabedoria de Deus, e a confiança operada em nós por habitar em amor; portanto, nossas orações devem fluir do que é imediatamente tirado de Cristo estando no coração pela fé – identidade de interesse com Ele no segredo do Senhor conosco. Mas pode haver a percepção, por meio da apreensão espiritual da santa bondade de Deus, da necessidade de acordo com ela e do desejo de coração em relação a ela, e ainda não haver o entendimento da maneira divina de atender à necessidade. Este é o caso em Romanos 8:26-27 “E Aquele que examina os corações sabe qual é a intenção do espírito; e é Ele que segundo Deus intercede pelos santos”.
Graça para as circunstâncias
A graça desce e opera por meio das circunstâncias, embora possa não haver remédio para as circunstâncias. Mas há uma vontade, um desejo segundo Deus; o Espírito Santo está lá.
Então, também, “todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus”; a fé percebe a intenção de Deus; portanto, no conhecimento de Sua vontade, sabe que tem as petições, e essa confiança no ouvido e no braço de Deus é sempre alcançada. A graça desce e toma seu lugar em Cristo e na fé por meio d’Ele, nas necessidades dos homens e santos aqui embaixo, e em Cristo, de acordo com a sabedoria e a mente de Deus, e produz perfeita confiança em Seu amor e na atividade desse amor. O mesmo aconteceu em Cristo; Ele foi a perfeição nisso aqui embaixo, enquanto nós, apenas de acordo com a medida em que entramos em Sua mente.
Confiança na oração
Mas o grande princípio geral é que o que desceu às nossas necessidades em sabedoria, sobe e é respondido em poder, mas essa descida está em graça em Cristo, para que seja imediatamente conectada ao amor divino, e a confiança da fé expressa isso. O grande segredo é estar com Deus. Se Deus confia Seus pensamentos a cargo de alguém, e assim ele é um profeta, então seguem-se as ações. Deus não deixa cair por terra Suas palavras, e no caso de profetas, o que é falado com autoridade, é sempre em espírito de oração, como é habitual, como Tiago nos ensina falando de Elias a respeito da fome e toda a história apresentada com autoridade. Também, o próprio Senhor, no caso de Lázaro. Mas que lugar isso dá à oração – relação dependente com Deus em graça, por ter sido admitida em Seus interesses. E porque Ele assumiu todos os nossos interesses em Seu próprio amor, ainda que encorajados a apresentar toda a nossa vontade como uma criança, temos perfeita confiança n’Ele.
A sabedoria divina, agindo no meio deste mundo, em amor, procura o exercício do poder divino. Não é simplesmente a sabedoria divina, mas como o próprio Cristo, a sabedoria divina se exercitando no meio do mal; então, como vimos, nela se produz dependência e confiança, onde a vontade divina é conhecida com certeza de resposta. O poder divino está à nossa disposição, e quando não está, é a expressão de uma necessidade submissa a essa vontade e confiante no amor divino que dá paz.
As leis da natureza
Não vejo dificuldade em Deus responder à oração relacionada às leis gerais, se admitirmos que Deus é livre para agir em Seu próprio mundo, tão livre quanto eu. Altero as leis físicas gerais quando vou, a pedido, visitar uma pessoa doente? Minha vontade age sobre e por essas leis físicas; a gravidade está na Terra, a força nos meus músculos, a eletricidade nos nervos que os colocam em movimento, no entanto eu, do meu modo pobre, respondi a uma oração. Agora reconheço plenamente mais poder em Deus, porque Ele pode mudar Suas leis, mas sem introduzir um único elemento novo, ou lei que o governe. As leis permanecem as mesmas; Sua vontade interfere para se elevar acima delas. Mas não falo de milagres, que ocorrem quando Ele muda uma lei, mas de quando Ele trabalha por meio destas leis – de efeitos particulares de Sua vontade. Isto pode ser milagroso, como quando um forte vento leste agia no mar, e outro levava gafanhotos, ou trazia codornas, mas Ele pode dar atividade ou quantidade especial a agentes que agem de acordo com as leis regularmente. Tenho certeza de que, de qualquer forma, Ele ouve e responde à oração. A própria ação da mente na estrutura do homem é tão maravilhosa, que tais resultados podem ser produzidos; e certamente a própria mente de Deus, quanto às circunstâncias externas, pode fazer muito mais. Leis que limitam a natureza, eu admito; leis que limitam a Deus eu não admito.
Uma parte instrumental de Deus
As dificuldades, quanto à oração para mudar a mente de Deus, que às vezes confundem uma alma sincera e são comuns aos infiéis, são, penso eu, erradas. Quanto ao efeito brilhante da oração em nossa alma, é exatamente o mesmo princípio que age com os incrédulos. No momento em que acredito que Deus realiza a verdadeira obra Ele próprio, Deus não apenas nos dá bênçãos com Ele próprio, mas também nos dá uma parte na outra parte de Sua bem-aventurança – ajudando a abençoar os outros. Eu prego, e o homem recebe a vida eterna; todavia, é inteiramente obra de Deus, não minha. Deus graciosamente me dá uma parte instrumental, mas como reconhecendo toda a dependência d’Ele nela. Essa dependência é mais percebida na oração; Deus faz a obra, mas eu estou mais diretamente familiarizado com Ele, e Ele age como fez na pregação. Além disso, tenho mais em comum com Deus em oração; alcanço casos mais difíceis e distantes, o poder de Satanás, o mundo e todos os obstáculos às almas que, de outra forma, não posso alcançar. Há mais intimidade, interesses comuns com Deus, embora na dependência d’Ele e em uma esfera mais ampla do que na pregação.
Aplica-se, também, a toda ação que podemos buscar da parte de Deus, até nossas próprias necessidades; apenas que, podemos não receber o que pedimos quando o amor não nos dá aquilo que pedimos.
J. N. Darby (adaptado)
Um Chamado à Oração
“Vigiai e orai; pedi e recebereis; procurai e encontrareis; batei e lhe será aberto”. Viver na experiência de estar constantemente “vigiando em oração” é uma das maiores realizações da vida Cristã, e essa é a necessidade real do dia em que vivemos – no constante espírito e hábito da oração (Mt 7:7). Existem muitas outras necessidades, mas a necessidade de oração transcende a todas elas. É a falta de oração que está na raiz de todos os nossos problemas, e não há remédio senão na oração.
O espírito de mundanismo nunca será quebrado por fortes e ardentes palavras de censura. A impotência da Igreja não pode ser curada por reprovação. A miséria espiritual e a negligência moral estão na ordem do dia, mas nunca serão melhores, até que a oração seja restaurada ao seu verdadeiro lugar no hábito dos crentes, individualmente e na Igreja coletivamente.
Por que não oramos?
Por que não nos colocamos em oração? O remédio é seguro e simples; a necessidade é urgente e reconhecida. Por que demoramos tanto para entender isso? “Buscai e encontrareis”. O remédio não é tão simples quanto parece. A ordem de pedir parece bastante simples, e a promessa é para aqueles que pedem. “Nada tendes, porque não pedis” (Tg 4:2). “Pedi e dar-se-vos-á”. O que poderia ser mais simples que isso? E, no entanto, as Escrituras falam disso como trabalho e fadiga. A oração tributa todos os recursos da mente e do coração.
Exemplos de oração
Jesus Cristo realizou muitas obras poderosas sem nenhum sinal de esforço. Em Suas obras maravilhosas havia a facilidade da onipotência. Não havia tensão ao curar os doentes, ressuscitar os mortos e acalmar tempestades, mas lemos que Ele estava a noite toda em oração (Lc 6:12). Todos os que compartilharam de Sua intercessão acharam isso um pesar de angústia. Os grandes santos sempre foram poderosos em oração, e seus triunfos sempre foram o resultado da dor. Eles lutaram em agonia com corações partidos e olhos chorosos, até terem certeza de que haviam prevalecido (Cl 1:9; 2:1).
Suas experiências foram aparentemente estranhas, mas maravilhosas. Eles passaram noites em oração, deitados no chão chorando e suplicando, e saíram do conflito fisicamente gasto, mas espiritualmente vitorioso. Eles lutaram com principados e poderes, disputaram com os governantes mundiais do reino de Satanás e lutaram com inimigos espirituais na esfera celestial.
Oração impotente
Atualmente, na vida aberta da Igreja e na comunhão dos crentes, há aparentemente pouco poder na oração. Há uma acentuada ausência de trabalho. Há muitas frases, mas poucas súplicas. A oração tornou-se um solilóquio [quando a pessoa fala consigo mesma] em vez de uma paixão. A impotência da Igreja não precisa de outra explicação; ficar sem oração significa ficar tanto sem paixão quanto sem poder.
“Vigiai e Orai”. O Novo Testamento relaciona vigiar com a oração. Por duas vezes, nosso Senhor ordenou que Seus discípulos vigiassem e orassem. Eles deveriam vigiar em todas as estações, suplicando. A instrução não é orar e vigiar, mas “vigiai e orai” (Mt 26:41). Paulo exorta os colossenses: “perseverai em oração, velando [vigiando] nela com ação de graças”, e na guerra contra os poderes do mal ele instrui os efésios a estarem alertas “com toda oração e súplica no Espírito, e vigiando nisso com toda perseverança e súplica” (Ef 6:18). É o vigia que ora que prevalece. A ordem de vigiar está ligada à ordem de orar, e a oração é regulada pelo exercício de vigiar. Pedro dormiu enquanto Jesus orava, porque ele deixou de vigiar.
Prevalecer na oração
A oração é o único meio pelo qual podemos prevalecer no mundo espiritual. A Palavra de Deus revela seus mistérios; a oração se apodera de Deus e prevalece. A oração busca a sabedoria divina e aguarda a instrução divina. Transforma pensamentos em petições, fatos em argumentos, razões em súplica, fé em visão e oração em louvor.
Essa vida de oração é absolutamente simples, mas não é nada fácil. O diabo vê isso, pois ele se põe de sentinela à porta de entrada da oração. Satanás não teme nada além da oração, e assim ele fica na porta da oração como um “anjo de luz”. Ele não ataca, mas ele desvia. Quem não tem oração geralmente está cheio de boas obras. As obras são multiplicadas, para que a devoção e a meditação sejam derrubadas, e as atividades são aumentadas para que a oração não tenha chance. As almas podem se perder em boas obras, tão seguramente quanto em maus caminhos. A única preocupação do diabo é impedir que os santos orem. Ele não tem medo de estudos sem oração, trabalho sem oração, religião sem oração. Ele ri do nosso trabalho, zomba da nossa sabedoria, mas treme quando oramos.
Vigiai e orai
Quem pode contar a bênção de “vigiar em oração”? Mas quantas vezes preocupações terrenais, interesses materiais, empreendimentos comerciais, assuntos domésticos e tudo o mais rouba o direito ao caminho da presença divina! Portanto, somos fracos, quando podemos ser fortes. Que serenidade e confiança chegariam aos preocupados e distraídos se “vigiassem em oração”! Nada economiza tempo como o tempo gasto com Deus. O pensamento espiritual de uma hora, a comunicação sincera e a espera paciente poupariam tempo e dinheiro, além de manter o coração renovado e os temperamentos agradáveis.
“Estando Ele a orar”. A oração ilumina e transforma. Deus ensina homens que oram. Ele abre seus olhos, e eles veem as coisas em Sua luz; Ele toca o coração, e então eles sentem como Ele sente. “Vigiar em oração” dá sabedoria. Quanto mais soubermos verdadeiramente esperar em Deus, mais verdadeiramente conheceremos o gozo e a doçura do descanso permanente. “Os que esperam no Senhor renovarão as suas forças” (Is 40:31). Esses são os fatores que prevalecem com Deus. A oração definha quando a vigília falha. O fogo se apaga por falta de combustível. Não é informação que se deseja, mas visão (Jr 29:13).
Sinceridade e submissão em oração
Se a oração é a necessidade suprema da Igreja, por que as pessoas não começam a orar? Os frívolos não podem orar. É um exercício que exige honestidade intelectual, sinceridade moral e determinação espiritual. O orgulhoso não pode orar. É um exercício que requer humildade mental, simplicidade de coração e espírito ensinável (Is 59:1). O mundano não pode orar. A oração submete todas as coisas aos padrões do céu, busca o julgamento de Deus e vive no invisível. A oração que deixa de obedecer é blasfêmia.
“E esta é a confiança que temos n’Ele: que, se pedirmos alguma coisa, segundo a Sua vontade, Ele nos ouve. E, se sabemos que nos ouve em tudo o que pedimos, sabemos que alcançamos as petições que Lhe fizemos” (1 Jo 5:14-15).
Young Christian, vol. 23 (adaptado)
Súplica e Oração
Podemos descobrir a diferença entre oração e súplica observando como a alma age. Quando queremos algo realmente sério, há súplica; uma sensação de necessidade a pressiona, e para ser aliviado dessa necessidade, existe o tratamento da alma com Deus.
A oração é mais geral; abraça tudo o que está em minha alma. Assim, o templo era chamado de casa de oração, não apenas de súplica. Na oração, a alma apresenta todas as considerações e interesses diante de Deus, mas talvez nenhuma delas assuma o caráter de súplica. No entanto, a palavra súplica é constantemente usada em conjunto com a oração. Talvez a oração tenha mais confiança nela. Lemos em Tiago 5:16 (JND): “A fervorosa súplica dos justos tem muito poder”, mas no exemplo dado [a oração de Elias], diz-se que ele orou com oração [e não com súplica].
Se estivéssemos apresentando todo os nossos casos, cuidados e bênçãos a Deus, deveríamos esperar encontrar paz e alívio em nosso coração e mente; mas se tivéssemos um desejo nos pressionando, especialmente um para o qual não tivéssemos certeza de Sua consideração, então suplicaríamos. Por outro lado, se tivéssemos certeza quanto ao que precisávamos, como a graça para cumprir o lugar para o qual Ele me chamou, então seria oração e não súplica. Dessa maneira, muitas vezes há súplica primeiro e depois oração. A confissão é uma preliminar, pois devemos nos desfazer da causa das trevas antes que possamos usufruir dos serviços mais felizes da luz. Ao fazer isso, a alma em oração viaja frequentemente de Lucas 11 a 1 João 5. Em Lucas, estamos aprendendo, ou melhor, provando nossa condição de falta de recursos; não temos outro recurso senão Deus. Em 1 João 5, entretanto, é que se sabemos que Ele nos ouve, temos as petições que desejamos d’Ele. Isso nos mostra o trato próximo e sério que deve haver entre a alma e Deus, se quisermos conhecer Sua mente.
As respostas
Mas, então, não há dúvida de que estamos frequentemente enganados com a verdadeira natureza de nossas petições; isto é, não entendemos a coisa certa que responderia às nossas petições. Por exemplo, Paulo teve certeza de que suas petições foram ouvidas ao pedir que ele pudesse servir melhor ao Senhor após sua prisão em Jerusalém, e sua petição foi respondida, mas não de acordo com os pensamentos de Paulo. Ele poderia ter pensado em retornar ao trabalho ativo, enquanto seus serviços foram realmente aumentados por meio de suas epístolas da prisão. Isso mostra como o verdadeiro desejo espiritual da petição pode ser concedido, mas de uma forma diferente da que esperávamos.
Louvor
Louvor é sem dúvida o ponto mais alto da oração; depois que a alma se apresenta e, por assim dizer, revisa todos os interesses possíveis diante de Deus, nada resta para ela senão louvá-Lo. Dessa maneira, Davi entrou e sentou-se diante do Senhor, e ele louvou ao orar. Não há oração viva sem ação de graças, sem louvor e ninguém pode entender como Deus provê e entra em todas as nossas circunstâncias, juntamente com a bênção e a glória que Ele dá.
Words of Truth, vol. 6 (adaptado)
Intercessão Um Pelo Outro
Quando pensamos em intercessão, estamos mais aptos a pensar em Cristo e Sua intercessão por nós, tanto como nosso Sumo Sacerdote quanto como nosso Advogado. Isso é abençoadamente verdadeiro, e quão agradecidos podemos ser por Seu trabalho nessas duas capacidades. No entanto, não devemos parar por aqui, pois Deus certamente nos mostra em Sua Palavra, tanto por ordem como por exemplo, que Ele deseja que intercedamos juntamente com Ele uns pelos outros e também, em alguns casos, por incrédulos. Lemos em 1 Timóteo 2:1: “Admoesto-te, pois, antes de tudo, que se façam deprecações, orações, intercessões e ações de graças por todos os homens”. Aqui encontramos claramente que súplicas e orações se distinguem de intercessões, e que nos é dada a responsabilidade de fazermos todas as três, bem como a ação de graças. Assim, intercessão envolve oração, mas é mais que oração; é um pedido com vista à reconciliação de duas partes que estão em desacordo. Em termos espirituais seria o ato de ir a Deus em favor de outro, e suplicar por ele.
Certamente existem apenas dois intercessores perfeitos, e eles são claramente mencionados na Escritura – o Senhor Jesus Cristo e o Espírito Santo. Lemos a respeito de Cristo que Ele “pode também salvar perfeitamente os que por Ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles” (Hb 7:25). E sobre o Espírito Santo lemos: “E da mesma maneira também o Espírito ajuda as nossas fraquezas; porque não sabemos o que havemos de pedir como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis” (Rm 8:26). Assim, temos Cristo no céu por nós e o Espírito Santo aqui embaixo, ambos intercedendo a Deus em nosso favor. Contudo, Deus quer que compartilhemos Seus pensamentos sobre Seu povo e que possamos interceder um pelo outro. Por causa de nossas fraquezas e enfermidades, todos nós precisamos de intercessão; Deus também chama a todos nós para sermos intercessores.
Características da intercessão
A Palavra de Deus nos mostra várias características da verdadeira intercessão, e é importante lembrar delas. Antes de tudo, uma vez que nós mesmos temos “um grande sacerdote sobre a casa de Deus”, somos exortados: “cheguemo-nos com verdadeiro coração, em inteira certeza de fé” (Hb 10:21-22). Devemos estar dispostos a nos aproximar do Senhor em favor do indivíduo; não podemos dizer, como é nossa tendência, “não é problema meu”.
Segundo, devemos ter a mente de Deus sobre a situação e, por causa do direito de nos aproximarmos de Deus, podemos ter Sua mente sobre isso. O Espírito Santo faz intercessão pelos santos “segundo a vontade de Deus” (Rm 8:27), e se vamos interceder efetivamente pelos outros, devemos estar em comunhão com o Senhor, a fim de ter Seus pensamentos sobre o Seu povo.
Terceiro, lemos sobre Cristo como nosso Sumo Sacerdote (em Hebreus 7:26) que Ele é “santo”. Nós também devemos ser santos em pensamento e prática, se quisermos trabalhar como intercessores de Deus. Conectada a isso está a palavra “inofensivo” ou inocente. Não podemos representar falsamente as coisas a Deus e esperar ganhar Seu ouvido; Ele sabe todas as coisas, e sabe se estamos lidando enganosamente com Ele. Cristo também foi “separado dos pecadores”. É verdade que Ele era amigo de publicanos e pecadores, mas nunca se envolveu em algo pecaminoso. Para trabalhar para Deus, também devemos nos separar do mal, apesar de intercedermos pelo malfeitor.
Quarto, devemos ter afetos comuns com Deus sobre o Seu povo. Ele os ama e quer a bênção deles; devemos ser animados com o mesmo amor. Não podemos abrigar pensamentos desagradáveis para com eles, não importa como eles possam nos tratar. Como alguém já disse: “Nunca vá para a cama com um pensamento desagradável em relação a alguém no mundo, não importa como eles te tratem!”
Exemplos de intercessores
Existem muitos exemplos de intercessores na Palavra de Deus – Abraão, Moisés, Samuel, Jó, o apóstolo Paulo, para citar alguns. Desses mencionados, Abraão e Moisés foram particularmente caracterizados pela intercessão. Abraão intercedeu em favor de Ló, bem como em favor de Abimeleque. Moisés intercedeu em favor de Faraó durante as pragas trazidas no Egito, também pelos filhos de Israel durante seus quarenta anos no deserto. Nestes dois homens, encontramos uma intimidade com Deus. Quando o Senhor estava prestes a julgar Sodoma e Gomorra, ele pode dizer: “Ocultarei Eu a Abraão o que faço?” (Gn 18:17). De Moisés está escrito: “E falava o SENHOR a Moisés face a face, como qualquer fala com o seu amigo” (Êx 33:11). No Salmo 103:7, lemos: “[O Senhor] fez notórios os Seus caminhos a Moisés e os Seus feitos, aos filhos de Israel”. Um intercessor é aquele que anda na presença de Deus, conhece Sua mente e, portanto, tem poder junto a Ele.
Corações sincronizados
Deus testou Moisés em seu caráter de intercessor. Em várias ocasiões, Deus Se referiu a Israel como “teu povo”, e em uma situação ele até Se ofereceu para destruí-los e fazer de Moisés uma grande nação. Em todos os casos, Moisés, quando respondeu ao Senhor, se referiu a eles como “Teu povo” e intercedeu a favor deles. A intercessão sempre coloca Deus em Seu lugar e nos coloca em nosso lugar. O intercessor quer que seu coração esteja “sincronizado” com o coração de Deus; então ele vê uma situação como Deus a vê.
Porém, vemos fracassos em Moisés, como existe em todos nós. Chegou um momento em que o fardo se tornou tão pesado que Moisés esqueceu que era a força do Senhor que o capacitava a continuar. Ele reclamou: “eu sozinho não posso levar a todo este povo” (Nm 11:14) e, enquanto estava ocupado consigo mesmo, ele não era capaz de interceder. Ele se esqueceu de que a graça de Deus estava envolvida do começo ao fim e que ele era apenas um instrumento. No entanto, essa atitude foi temporária; Moisés foi restaurado e recuperou seu caráter intercessor.
Graça e governo
Finalmente, devemos lembrar de que, embora o intercessor recorra à graça de Deus para interceder, isso não anula o governo de Deus. Não podemos ir a Deus em intercessão por alguém que fez algo errado e pedir que não haja consequências. Graça e governo são verdades paralelas; uma não cancela a outra. O intercessor implora a graça de Deus, mas aceita Seu governo.
Moisés falhou de uma maneira muito séria no final da jornada no deserto, quando não havia água e os homens do povo “irritaram seu espírito” (Sl 106:33). Consequentemente, ele golpeou a rocha com a vara, em vez de falar com ela. Além disso, ele chamou o povo de rebelde, no calor de sua ira. As consequências foram graves, Aarão e Moisés morreram e não puderam entrar na terra de Canaã. Isso pode parecer duro, mas é uma coisa séria deturpar a graça de Deus. Ele ama a intercessão, e toda intercessão é baseada na graça de Seu próprio coração.
D. F. Rule (adaptado de uma pregação para crentes)
Oração e Jejum – O Segredo do Poder
Antes que o Senhor fosse à cruz para sofrer, está registrado em Mateus 17 que Ele subiu ao monte para ser transfigurado. Pedro, Tiago e João tiveram o privilégio de contemplar aquela cena de brilho e glória insuperáveis. Momento abençoado e visão abençoada!
Quando eles desceram do monte, que cena diferente os esperava! Um pai trouxe seu filho possuído por um demônio para os discípulos, mas eles eram totalmente impotentes para enfrentar o poder do diabo. O pai, com o coração partido, veio finalmente ao Senhor, “E repreendeu Jesus o demônio, que saiu dele; e, desde aquela hora, o menino sarou” (Mt 17:18).
Os discípulos evidentemente se admiraram de sua própria impotência e perguntaram ao Senhor com espanto: “Por que não pudemos nós expulsá-lo? E Jesus lhes disse: Por causa da vossa pequena fé; porque em verdade vos digo que, se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte: Passa daqui para acolá, e há de passar; e nada vos será impossível. Mas esta casta de demônios não se expulsa senão pela oração e pelo jejum” (Mt 17:19-21).
Desfrute é uma coisa, mas poder é outra. Foi verdadeiramente observado que “o gozo é para o céu, mas o poder é para a Terra”. Não há oposição no céu: Tudo lá é favorável à nova vida que possuímos no Espírito. À medida que o Espírito leva nossa alma ao desfrute de nossa porção celestial em Cristo, nossa alma às vezes estará fora de nós mesmos e das coisas que são vistas. Mas, quando saímos para o mundo, nos encontramos com um elemento contrário. Descobrimos que toda a gama do poder de Satanás está contra nós para impedir nossa posição em favor de Cristo. No momento em que nos posicionamos em favor de Cristo aqui, devemos esperar oposição. E nada, a não ser o poder divino, pode habilitar-nos a enfrentar o adversário.
Nosso estado moral
É muito importante ver que, se queremos nos levantar por Cristo contra toda a variedade de iniquidades espirituais e, portanto, sermos vencedores, devemos estar no estado moral indicado por “oração e jejum”. Palavras de alto som não funcionarão se o estado moral estiver faltando. As pessoas esperam que, de alguma forma, estejamos no poder do que professamos. Se não estivermos, Satanás obterá a vantagem sobre nós, e as próprias palavras que falamos, em vez de vir com poder e frescor para aqueles que ouvem, só serão repelidas com total desprezo por nós.
A oração é a expressão de toda a dependência de Deus. O jejum indica a recusa absoluta de nós mesmos e todas as gratificações humanas. Praticamente o primeiro homem é completamente posto de lado, e caminhamos em simples dependência de Deus somente. Isso significará a morte para mim como homem aqui em todos os aspectos. A fé conecta nossa alma com outra cena completamente diferente, onde o primeiro homem não tem lugar. A fé fecha os olhos para tudo o que é visível, e então, como Moisés, resistiremos “como vendo Aquele que é invisível”. Ao mesmo tempo, abrirá uma cena invisível aos olhos naturais: “Não atentando nós nas coisas que se veem, mas nas que se não veem; porque as que se veem são temporais, e as que se não veem são eternas” (2 Co 4:18).
Josafá
Temos um belo exemplo de oração e jejum em 2 Crônicas 20 com Josafá. No capítulo 18, descobrimos que ele havia se juntado a uma aliança com o rei de Israel, que havia entrado em guerra com a Síria. Deus misericordiosamente Se interpôs e salvou a vida de Seu servo falho. Depois, Deus enviou um de Seus servos para repreender Josafá; o efeito foi que ele se julgou e foi humilhado diante do Senhor, como o próximo capítulo mostra claramente. Uma grande companhia surgiu contra ele, se possível para destruir a ele e a todo o Judá. Em vez de recorrer aos meios humanos para efetuar uma fuga, “Então Josafá temeu e pôs-se a buscar o SENHOR; e apregoou jejum em todo o Judá. E Judá se ajuntou, para pedir socorro ao SENHOR; Também de todas as cidades de Judá vieram para buscarem o SENHOR” (2 Cr 20:3-4). Sua oração é muito tocante e indica um espírito quebrantado e dependente. Ele reconhece o poder de Deus como supremo acima de todos, que ninguém foi capaz de resistir a Ele e acrescenta: “Porque em nós não há força perante esta grande multidão que vem contra nós, e não sabemos nós o que faremos; porque os nossos olhos estão postos em Ti” (v. 12). Ele não apenas reconhece sua própria impotência, mas também sua falta de sabedoria para comandar. Ele está completamente calado diante de Deus. Feliz condição! Ele está sem saber o que fazer. Era o seu extremo em todos os sentidos da palavra, mas era a oportunidade de Deus para Se mostrar em seu favor. Antes de tudo, Deus livra Seu povo de todo o medo, assegurando-o por meio dos lábios de Seu servo, o profeta: “Nessa peleja, não tereis de pelejar; parai, estai em pé e vede a salvação do SENHOR para convosco, ó Judá e Jerusalém; não temais, nem vos assusteis; amanhã, saí-lhes ao encontro, porque o SENHOR será convosco” (2 Cr 20:17).
Confiança
A mais completa confiança no Deus vivo foi produzida como resultado desta mensagem. Paz perfeita e descanso sólido do coração foram o resultado da confiança em Deus; em tranquilidade e confiança, encontraram forças. Como o resultado da vitória foi assegurada, eles estavam no espírito dos vencedores e podiam cantar em triunfo antes que a vitória fosse obtida. O homem desaparece, e somente Deus encheu a visão da alma deles.
Foi esse também o caso de Paulo e Silas na prisão filipina, onde estavam sofrendo pela causa de Cristo, com as costas sangrando e os pés presos ao tronco. No meio de todos os seus sofrimentos, eles oraram e cantaram louvores a Deus. Não houve murmúrios ou reclamações! A própria prisão está iluminada com glória. Eles não pensaram em si mesmos, mas voltaram-se para Deus em oração, e Ele encheu a alma deles de gozo e seus lábios com louvores.
Vitória
Que vitória poderosa foi obtida depois! Os alicerces da prisão foram abalados, as portas se abriram e as correntes dos prisioneiros foram soltas; o carcereiro e toda a sua família foram libertados do poder do diabo e trazidos para a liberdade e gozo do evangelho. Assim, a assembleia foi formada em Filipos, e um brilhante testemunho de Cristo foi iniciado como resultado da fidelidade de Paulo e do intransigente testemunho para com seu Mestre. Onde Paulo teve o maior sofrimento, ali teve o maior gozo. Depois disso, a assembleia de Filipos foi um grande consolo para seu coração.
Deus por nós, em nós e por meio de nós
Se pudéssemos ficar quietos e deixar Deus agir por nós, que maravilhas Ele operaria em nós e por meio de nós! Muitas vezes esquecemos que Deus tem tanto a fazer em nós quanto por meio de nós. Ele está trabalhando em nós para Seu bom prazer, para que Ele possa manifestar Cristo por intermédio de nós. Se não estamos preparados para aceitar sofrimentos, tristezas e vergonhas, como Cristo pode ser visto em nós? Todo santo que anda com Deus deve aprender. É muito humilhante, sem dúvida, para nós, porque faz de nós um nada, e poucos se contentam em ser nada. Mas se o espírito manso e humilde de Cristo deve ser visto em nós, deve ser assim. Nada pode agradar a Deus mais do que ver um indivíduo ou uma companhia manifestando as graças de Cristo aqui.
Que possamos aprender cada vez mais o que é tomar o lugar da fraqueza e da dependência e andar em toda a recusa de nós mesmos, para sermos superiores a todos os elementos contrários neste mundo. Deus é por nós.
“Porque, quanto ao SENHOR, Seus olhos passam por toda a Terra, para mostrar-Se forte para com aqueles cujo coração é perfeito para com Ele” (2 Cr 16:9).
P. W., Christian Friend, 1897 (adaptado)
Está Alguém Entre Vós Doente?
Lemos em Tiago 5:14-15: “Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja, e orem sobre ele, ungindo-o com azeite em nome do Senhor; e a oração da fé salvará o doente, e o Senhor o levantará; e, se houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados”. Este versículo causou dificuldade em alguns, como parece, à primeira vista, como uma “declaração geral” que cobre doenças de qualquer tipo, a qualquer momento e com uma garantia positiva da cura do Senhor, em resposta à oração da fé. No entanto, também é óbvio na Escritura que os dons de sinais eram temporários, como curas e línguas; e, que depois que os fundamentos da Igreja foram lançados, eles cessaram. Mais do que isso, lemos sobre várias pessoas nos tempos apostólicos que estavam enfermas, e algumas que estavam evidentemente seriamente doentes, e ainda assim essa provisão não foi usada, nem o dom da cura foi exercido. Como entendemos então esses versículos?
O dom da cura
Antes de tudo, devemos entender a diferença entre o dom de cura e a oração da fé, conforme nos é dado em Tiago 5:15. O dom de cura, como o dom de línguas, era principalmente um sinal para os incrédulos e raramente era usado nos crentes. O caso de Docas em Atos 9 é uma exceção, mas embora ela fosse crente, o testemunho prestado por ela ter sido ressuscitada, foi principalmente para os incrédulos. No caso mencionado em Tiago 5, não havia dom especial de cura, mas a oração da fé pelos anciãos responsáveis em uma assembleia local, acreditando que o Senhor responderia à oração deles.
Além disso, quando o dom de cura era exercido, não havia questão de conduta da parte daquele a ser curado. Todos foram curados, como um sinal da graça e bondade de Deus para o homem. Mas se um crente pedia aos anciãos que orassem por sua cura, a questão de seu estado de alma e de sua conduta passada, eram trazidos à cena. Se ele tivesse cometido pecados, eles seriam perdoados. Este foi, sem dúvida, o perdão governamental do Senhor, e a doença que foi permitida por Deus foi removida. Observamos, no entanto, que o pecado não precisa estar envolvido; diz: “Se houver cometido pecados”.
A epístola ao povo terrenal
Devemos lembrar também de que em Tiago estamos envolvidos com uma epístola escrita aos judeus de todas as 12 tribos, alguns dos quais foram realmente salvos, enquanto outros eram meros professos. Evidentemente, todos continuavam com muitos dos costumes e rituais do judaísmo, chegando ao ponto de se reunirem nas sinagogas. A epístola não é endereçada à assembleia, embora, ao chamar os anciãos, é claro, a assembleia estava sendo vista. No entanto, o vínculo entre Deus e Seu povo terrenal ainda não havia sido quebrado.
A questão do uso do óleo da unção também está relacionada ao vínculo entre Deus e Seu povo terrenal. Israel estava acostumado a ungir com óleo, e no Velho Testamento essa era uma figura do poder do Espírito Santo. Embora possa ser feito hoje, devemos lembrar de que não estamos vivendo os dias das “sombras e figuras”, mas na realidade. Foi a oração da fé que efetuou a cura, não a unção com óleo.
As doenças do Egito
No caso de doença, foi prometido a Israel, como nação do Velho Testamento, libertação das doenças do Egito, se eles fossem obedientes. Aqui na epístola de Tiago, um princípio semelhante está diante de nós – um princípio que se aplica à nossa caminhada prática em qualquer dispensação. A doença nem sempre está associada a uma caminhada descuidada, pois sabemos que na vida do crente, o Senhor pode permitir problemas de saúde por várias razões. Mas em Sua família, Deus frequentemente castiga Seus filhos com doenças corporais, e aqui a doença está relacionada à disciplina de Deus.
A dispensação da graça
Mas na passagem em Tiago, já no Cristianismo, e sob a dispensação da graça, Deus agiu, não por lei em condenação, mas antes por aquela graça pela qual Ele agora é caracterizado. Os anciãos da assembleia estavam envolvidos – homens piedosos que, em virtude de seu próprio caráter e caminhada, foram capazes de discernir o estado de alma do indivíduo e agir com sabedoria no assunto. Foi a oração da fé deles (embora quem estivesse doente pudesse muito bem se juntar à oração) que salvou e por meio da qual a cura ocorreu. Tampouco o pecado, do qual ele poderia ter sido culpado, foi uma barreira para a cura. Quando o pecado foi admitido, foi perdoado e ele restaurado em sua saúde.
Isso nos leva ao ponto de como e quando esse versículo pode ser aplicado. Os anciãos nos dias apostólicos eram designados por apóstolos ou delegados apostólicos, e, portanto, não temos anciãos oficiais agora. No entanto, o Senhor pode e certamente levanta aqueles que podem muito bem agir nessa capacidade hoje. Porém, nestes últimos dias, nem sempre existem aqueles que, com sabedoria e discernimento, podem ser chamados em caso de doença. Mais do que isso, o estado da assembleia também é um fator e, nestes dias de fraqueza espiritual, às vezes não estamos coletivamente em um estado espiritual para exercer discernimento desse tipo.
Doenças não curadas
Além disso, como já observamos, há casos de doenças registradas na igreja primitiva onde nenhuma intervenção de qualquer tipo é mencionada, exceto a oração. Por exemplo, Paulo poderia se referir às “frequentes enfermidades” de Timóteo (1 Tm 5:23). Ele também poderia mencionar Epafrodito, que estava “doente, e quase à morte” (Fp 2:27), bem como Trófimo, a quem Paulo deixou “doente em Mileto” (2 Tm 4:20). Em nenhum desses casos houve cura oferecida, seja em virtude do dom de cura de Paulo ou pela oração dos anciãos da assembleia local. Parece óbvio que Paulo reconheceu a mão do Senhor nessas situações, e ele poderia dizer de Epafrodito: “Deus se apiedou dele” (Fp 2:27). Paulo sem dúvida sentiu em sua própria alma que uma intervenção de sua parte não era a mente do Senhor, e ele não interferiu.
Como sempre, devemos tomar as Escrituras como um todo, e não construir uma doutrina em uma passagem tirada do contexto. Sugerimos que esses versículos em Tiago 5 devam ser tratados com discernimento em cada caso, levando em consideração todas as circunstâncias da pessoa envolvida. Em alguns casos, pode ser a mente do Senhor deixar que Ele trate do assunto. Em outros, a oração fervorosa dos anciãos pode ser indicada. Em outros, o pecado pode precisar ser confessado e a consciência do doente atingida. Vivemos nos dias em que o Espírito de Deus está aqui na Terra, e mesmo nestes dias de fraqueza, Ele é capaz de guiar e dirigir, se estivermos prontos para estar sujeitos à Sua liderança. É importante estar na corrente dos pensamentos de Deus e ainda mais em oração particular, a fim de ter Sua mente quando a oração for solicitada por alguém que está doente.
W. J. Prost
Respostas Demoradas Não São Orações Negadas
Numa noite de verão, há quase dois anos, entrei em uma reunião para orar. Eu ansiava por essa reunião o dia inteiro, pois pensava nessas palavras: “Os que esperam no Senhor renovarão suas forças”, e esperava que, quando chegasse à reunião, essa seria a minha experiência, pois sentia a necessidade disso. Acabou sendo uma reunião curta, menor do que eu havia previsto, pois havia apenas sete ou oito pessoas presentes, algumas jovens, outras idosas e cansadas. O canto era suave e lento, e as orações decepcionantes e sem graça; Comecei a me perguntar se a noite estava sendo desperdiçada. Então, um senhor idoso, de mais de oitenta anos, falou e nos disse: “Meus amigos, gostaria de compartilhar com vocês uma grande alegria que tive hoje. Devo dizer-lhes que sessenta e cinco anos atrás eu me ajoelhei na cama da minha mãe moribunda e ela me disse: ‘você é o único na família que conhece o Senhor Jesus como seu Salvador. Eu encomendo seu pai e seus irmãos a você. Ore por eles todos os dias até serem salvos”. Hoje de manhã recebi esta carta do meu último irmão ainda vivo e vou ler para vocês...”. Então, muito calmamente, ele leu: “Querido, querido irmão, tenho as melhores notícias para você; finalmente me entreguei a Deus”. E a carta, na linguagem mais simples, contava como tudo aconteceu e estava agradecido ao irmão que, durante sessenta e cinco anos, perseverou em oração por ele e aguardou sua salvação.
Não será necessário contar-lhe que essa história simples transformou aquela pequena reunião de oração e que deixou de ser monótona e desinteressante. Olhos lacrimejaram e corações se comoveram, enquanto aqueles que estavam em seus assentos, agora dobravam seus joelhos. Primeiro houve a ação de graças, e depois a oração definitiva e sincera – a oração com um propósito nela, pois aqui havia evidências de que não era em vão orar, e embora a resposta tenha sido adiada nos sábios modos de Deus, ainda assim, finalmente havia chegado.
J. T. Mawson (adaptado)
Confissão e Confiança
As seguintes linhas foram escritas apressadamente, pouco antes da partida do autor para o hospital, para ser submetido a uma grande operação.
Não sou forte, ó Senhor, nem muito ousado,
Como alguns que “se tornaram valentes na luta”,
Nem nesta hora estou vestindo Tua armadura
Em conflito glorioso pela causa do direito.
Se os inimigos aparecerem com malícia amedrontando,
Emitindo seu desafio neste vale sombrio,
Por que, Senhor, deixo sozinho para Ti a luta;
Minha parte é assistir - e contar a história maravilhosa.
Eu descanso em Ti, pois, Salvador, Tu estás perto de mim,
Mais perto que a escuridão, a dor e o cuidado ansioso;
Eu sinto Tua presença como uma roupa em volta de mim -
Dentro do meu coração, Tua voz proíbe todo medo.
E assim como uma criança dormindo ao lado de sua mãe,
Sem preocupação ou medo descansa em total segurança,
Assim eu me deito sob Tua terna guarda,
Silenciado pelo amor que sempre durará.
Todo o passado que pode se levantar contra mim,
E com língua acusadora condenar minha alma,
Permanece sob o sangue, e adiante Tu me guias
Onde canções de triunfo em ondas poderosas se entoarão.
Tua vontade, meu Deus, oh, que se cumpra -
Tua vontade o fim de todos os conflitos carnais:
Teu nome seja louvado e todo mal vencido -
Em mim, Cristo engrandecido na morte ou na vida.
J. T. Mawson
“E esta é a confiança que temos n’Ele: que, se pedirmos alguma coisa, segundo a Sua vontade, Ele nos ouve”
(1 João 5: 14)
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